Acendem-se as lanternas, oferecem-se bolinhos de arroz e envelopes encarnados, e formulam-se desejos de “paciência, longevidade e sorte”, que são, na explicação do Museu do Oriente, as qualidades do animal que rege o novo ano lunar: o coelho (mais especificamente, o coelho de água). Também símbolo de “gentileza de serenidade”, é o quarto signo do zodíaco chinês, sucedendo ao tigre.
Que traga então a paz tão ansiada para calar a Guerra na Ucrânia. E a não menos desejada tranquilidade a países como a China, onde os festejos da mudança de ano fazem temer um grande aumento nos casos de coronavírus. Entretanto, por cá e em segurança, eis sete ideias para bem receber o Ano Novo Chinês, recheadas de sabores, tradições milenares e dicas peculiares.
Oriente em família
Se o objectivo é celebrar em família, o rumo a tomar é o Museu do Oriente, em Lisboa, que está em contagem decrescente desde o início de Janeiro e só termina a festa a 5 de Fevereiro. Fazendo honras à “à arte, criatividade e aos laços familiares, características associadas, de acordo com a tradição chinesa, ao simbolismo do animal regente”, as actividades são muitas e para todas as idades.
No programa há visitas guiadas, oficinas para crianças (em torno de “deuses gulosos”, escrita criativa, livros e postais pop-up, “dragões que dançam” e papagaios de papel), workshops de dumplings, jianzhi (a delicada arte dos recortes de papel), feng shui e construção de lanternas (evocando o tradicional festival que costuma fechar as comemorações), uma sessão de tai chi chuan e um concerto do Lisbon Chamber Ensemble, sem esquecer a oferta da entrada no museu no dia 22 de Janeiro.
Música chinesa, maestro!
Em Braga, é a música tradicional chinesa a dar o tom aos festejos. O Instituto Confúcio da Universidade do Minho, em parceria com a autarquia, promove um concerto da Orquestra Filarmónica de Braga, a 4 de Fevereiro, às 21h30, no Espaço Vita. A entrada é livre; basta levantar o bilhete previamente no local.
Ano do coelho, leões à mesa
Um menu especial, uma selecção de vinhos chineses e a tradicional dança dos leões a animar a refeição. Assim se serve a festa à mesa do JNcQUOI Asia, em Lisboa, entre 18 e 22 de Janeiro, por graça do chef malaio Ku Yan Onn.
A primeira escolha é entre beringela chinesa grelhada com molho de alho e frango crocante com caviar e amêndoas. Para o prato principal, as opções variam entre camarão-tigre grelhado com molho de manteiga e leite, robalo a vapor com molho de pasta de soja amarela e alface chinesa salteada com inhame, abóbora e raiz de lótus crocante.
Para rematar o repasto, o chef sugere bao a vapor com batata-doce e creme de ovo. Já o copo pede vinhos Château Changyu Moser. Mais informações e reservas aqui.
Longa vida aos noodles
Dos spring rolls aos dumplings de camarão, vão uns long life noodles para satisfazer a longevidade anunciada pelo signo do coelho. É com estas e outras iguarias que o menu oriental do Soão - Taberna Asiática (Lisboa) se reinventa para acolher o novo ano lunar.
Preparada pelo chef João Francisco, a ementa especial está disponível entre 22 e 31 de Janeiro e pode ser apreciada no local – o que muito se recomenda, que a experiência vive muito da decoração do espaço – ou encomendada para entrega.
Feliz (e picante) ano novo
“Preparados para apimentar 2023?” O desafio vem do Boa-Bao, onde a recepção ao ano do coelho vem condimentada com sensações fortes para o palato.
Por estes dias, tanto no restaurante de Lisboa como no do Porto, junta-se à ementa habitual pan-asiática uma proposta especial que garante “sabores autênticos” de Sichuan – província chinesa que, na culinária, há muito se tornou sinónimo de picante.
Venham daí as espetadas de camarão marinado em mala (pasta à base de pimenta e malaguetas, promissora do “ligeiro formigueiro que irá sentir na boca”) ou uma sopa de noodles dan dan para começar. A viagem gastronómica avança para barriga de porco acompanhada por arroz de jasmim e termina na doce frescura de uma mousse de manga com pomelo e pérolas de tapioca.
Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo
Uma lavandaria, o IRS e uma modesta imigrante chinesa nos Estados Unidos com a missão de salvar o multiverso. No filme de Dan Kwan e Daniel Scheinert, protagonizado por Michelle Yeoh, está Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo. Até o Ano Novo Chinês entra nesta história que tem mexido com a cabeça dos espectadores e feito furor nos festivais internacionais, além de estar nomeado para dez prémios BAFTA. A 22 de Janeiro, primeiro dia do ano do coelho, é exibido na Casa do Cinema de Coimbra, às 16h15 (mais sessões aqui).
Olá, China
Para quem prefere começar o ano num alegre domingo preguiçoso, combinado com visões realistas da cultura chinesa, a sugestão é abrir a RTP Play, procurar Ni Hao China e entrar nesse “postal ilustrado de um país que ainda guarda os mistérios da sua civilização milenar”. Com um olhar actual e sem grandes filtros, a série documental foi co-produzida pelos canais públicos português e chinês. É composta por uma dúzia de episódios de meia-hora cada, que vão de Pequim a Hangzhou.