Andebol: Portugal cilindra Cabo Verde e continua vivo no Mundial

Selecção nacional venceu por 23-35 na 2.ª jornada da main round e está agora obrigada a ganhar à Suécia para seguir em frente.

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Diogo Branquinho em acção frente a Cabo Verde EPA/Adam Ihse

A primeira parte da missão está cumprida: Portugal venceu Cabo Verde na 2.ª jornada da main round do Mundial de andebol e fê-lo com uma margem de respeito (23-35). Para continuar em prova, porém, falta a metade mais delicada da tarefa, que passa por derrotar, já no domingo, a Suécia, que é simultaneamente anfitriã da prova, líder do Grupo II e uma das potências da modalidade.

Em Gotemburgo, houve duas metades francamente distintas. Uma primeira em que o ritmo baixo imposto por Portugal e o acerto cabo-verdiano da segunda linha redundaram em grande equilíbrio. E uma segunda em que a superioridade portuguesa veio naturalmente ao de cima, deitando por terra a estratégia do adversário, que forçou muitas vezes a superioridade numérica e acabou por ser castigado

Com algumas alterações no sete inicial (Miguel Martins começou como central, Rui Silva ficou de fora), Paulo Jorge Pereira viu a equipa entrar em campo com demasiada passividade. Sem capacidade para circular com velocidade, foi permitindo que Cabo Verde entrasse melhor (vantagem de 3-1) e fosse discutindo o resultado, taco a taco, ao longo dos 30 minutos iniciais.

Em campo estavam jogadores que se conhecem particularmente bem: entre os cabo-verdianos presentes no Mundial, há nove que actualmente competem no campeonato português, com destaque para Délcio Pina (Marítimo), Edmilson Araújo (Sporting), Felisberto Landim (V. Setúbal) e Leandro Semedo ou Paulo Moreno (ambos do Benfica). Como se não bastasse, o seleccionador de Cabo Verde é Ljubomir Obradovic, sérvio que actualmente é treinador do Avanca e que já foi campeão em Portugal ao serviço do FC Porto (por seis vezes) e do Belenenses (uma).

O plano estratégico preparado pelo técnico de 68 anos resultou até ao intervalo, altura em que Portugal só conseguiu dois golos de diferença graças a um contragolo de Luís Frade, mesmo no último segundo (12-14) — um expediente, de resto, utilizado várias vezes ao longo da partida e com particular sucesso. Tornava-se evidente que, para chegar ao triunfo, a selecção portuguesa precisava mesmo de elevar o nível.

Mesmo forçado a lidar com várias exclusões, Cabo Verde foi-se mantendo no jogo, até que o um reinício arrasador de Portugal inclinou definitivamente o tabuleiro. Primeiro foi um parcial de 3-0, por volta dos 40 minutos um parcial de 4-0, e a margem no marcador foi crescendo.

Por essa altura, já era evidente a tarde de grande inspiração de António Areia, que fechou o jogo com nove golos em 10 remates, uma eficácia tremenda que foi também construída sem mácula na linha dos sete metros. Victor Iturriza também mostrou autoridade no papel de pivot (cinco golos em cinco remates), enquanto Leonel Fernandes foi enchendo de boas decisões o caderno de notas pessoal.

Graças a uma rotatividade muito ampla (Alexis Borges e Miguel Martins foram os únicos que não marcaram), Portugal confirmou um triunfo tão expressivo quanto justo, que se traduziu na derrota mais pesada dos cabo-verdianos neste Campeonato do Mundo (12 golos de diferença). Mas sairá também do campo com a noção de que terá de render mais, durante mais tempo, para poder surpreender a Suécia.

Depois do empate com o Brasil no arranque da segunda fase, à selecção nacional não resta alternativa, se quiser melhorar o 10.º lugar registado no Mundial do Egipto, em 2021, resultado que configura a melhor prestação portuguesa de sempre na competição.

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