A primeira vacina de ADN recombinante contra a leishmaniose canina, capaz de reduzir a presença do parasita em mais de 90% bem como os sintomas da doença, foi autorizada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) a ser comercializada.
A vacina, desenvolvida por cientistas do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) de Espanha e o grupo farmacêutico Zendal, é "a primeira para mamíferos e a segunda no mundo produzida com aquela tecnologia que utiliza informações genéticas", noticia a agência noticiosa espanhola EFE. A EMA deu "luz verde" à comercialização e distribuição do soro.
A leishmaniose é uma doença causada por parasitas do género Leishmania e transmitida aos cães pela picada de mosquitos.
De acordo com informação no site do Hospital Escolar Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária em Lisboa, a doença é "endémica no Sul da Europa, Norte de África, Médio Oriente, China e América do Sul" e "também afecta o ser humano".
O parasita localiza-se, sobretudo, "na medula óssea, nos gânglios linfáticos, no baço, no fígado e na pele, sendo o cão o principal hospedeiro e hospedeiro reservatório".
A mesma fonte adianta que "em Portugal, estima-se que 110 mil cães estejam infectados, embora muitos não manifestem a doença". "Outros animais como os gatos, as raposas e os roedores podem, igualmente, ser afectados", evidencia. "Comparada com outras tecnologias, esta nova vacina, altamente eficaz, tem ainda a vantagem de ser muito estável", disse o investigador do CSIC Vicente Larraga, que dirigiu o desenvolvimento do soro, citado pela EFE.
"Após este parecer favorável da EMA, conseguiu-se um apoio internacional muito importante para vacinas de ADN que também podem ser utilizadas para proteger contra outras infecções", acrescentou.
Larraga referiu que "o parecer indica que a vacina reduz o risco de contágio e o aparecimento da doença", considerando o soro "um passo importante" dado que a diminuição de animais infectados "reduz significativamente a possível transmissão para outros cães e humanos".
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos de leishmaniose canina e humana aumentaram na Europa nos últimos anos devido às alterações climáticas e à presença dos mosquitos em causa em mais países europeus do norte.
Considerada pela OMS como uma doença tropical negligenciada, afecta mais de mil milhões de pessoas em 83 países, a maioria em áreas subdesenvolvidas.
No site do Hospital Escolar Veterinário é ainda referido que "em Portugal, existe já uma vacina contra a leishmaniose canina" e que "a prevenção é fundamental para reduzir o número de casos de leishmaniose nos animais e para evitar o risco para os humanos".