Albuquerque confirma renúncia do deputado Sérgio Marques e diz que foi “normal”
O deputado madeirense denunciou “obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que cresceram com o “dedo do Jardim”.
O líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, confirmou hoje a renúncia de Sérgio Marques ao mandato de deputado na Assembleia da República e a saída da comissão política regional na sequência da polémica em torno de críticas à governação regional.
"Sim, confirmo [a renúncia] e, neste momento, está tudo pronto para o Dinis Ramos assumir as funções já a partir de quinta-feira", disse, para logo classificar como "normal" a decisão de Sérgio Marques. "Acho normal. Ele pediu a denúncia, alegou as razões e está tudo resolvido", sublinhou.
Miguel Albuquerque falava à margem de uma cerimónia de entrega de divisas a 16 novos polícias florestais, no Funchal, na qual participou na qualidade de presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP).
Com a saída de Sérgio Marques, um dos três deputados social-democratas madeirenses no parlamento nacional, avança agora para São Bento o quarto elemento da lista regional: Dinis Ramos.
Na origem desta situação estão as acusações de Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias, de "obras inventadas a partir de 2000", quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que cresceram com o "dedo do Jardim".
O social-democrata, que fez também parte do Governo de Miguel Albuquerque como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre 2015 e 2017, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de um grande grupo económico da região.
Miguel Albuquerque considera que, apesar destas acusações, o PSD/Madeira "não fica fragilizado" e também considera que não irão afectar o resultado nas eleições legislativas regionais, que se realizam este ano e às quais o partido concorre em coligação com o CDS-PP.
"Não fica fragilizado [o PSD]. Neste momento, a vida continua. Temos de olhar para a frente", declarou, realçando que as acusações de Sérgio Marques "são juízos de valor que ele faz".
Albuquerque afirmou também que o PSD regional não fica fragilizado pelo facto de a deputada social-democrata madeirense na Assembleia da República Patrícia Dantas ser arguida num processo de fraude na obtenção de subsídios.
"Esse é um processo que já foi explicado, já está tudo dissecado, não tem nenhum problema", disse, reforçando que o estatuto de arguido "não é um estatuto de condenação". "A Patrícia [Dantas] sempre foi uma pessoa íntegra, honesta e eu tenho toda a certeza que ela será absolvida", sublinhou.
O presidente do Governo da Madeira e líder do PSD regional considerou, por outro lado, que o Governo da República, liderado pelo PS, vive uma "situação de fragilidade".
"Essa fragilidade do Governo nacional é resultante de uma circunstância: do recrutamento do poder político ser feito num partido que está há vinte e tal anos no poder, dentro de uma estrutura onde todos se conhecem", disse, acrescentando que "isso leva a esta situação de degradação do sistema político".