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• Especial: Guerra na Ucrânia

Pelo menos 14 pessoas morreram na manhã desta quarta-feira — entre elas, o ministro do Interior, Denys Monastyrsky,​ e dois outros membros do seu gabinete — na queda de um helicóptero perto de um infantário em Brovary, um subúrbio de Kiev. Entre as vítimas mortais, há uma criança, de acordo com o balanço mais recente das equipas de emergência. Há ainda registo de vários feridos: os primeiros balanços davam conta de quase 30.

Ao início da tarde, as autoridades ucranianas reviram em baixa o número de vítimas da queda da aeronave. Os primeiros números apontavam para 18 mortos, incluindo três crianças — números que o próprio Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou. Contudo, após a revisão, há registo de 14 mortos, entre eles uma criança.

Ainda não se sabe ao certo o que poderá estar por detrás da queda deste helicóptero. O que se sabe, até agora, é que a aeronave era propriedade dos serviços de emergência ucranianos. O porta-voz das Forças Aéreas ucranianas, Yuri Ihnat, fala num “acidente” e afirma que “é demasiado cedo para se falar da [sua] causa”. “Há múltiplos factores que podem provocar esta catástrofe. Os acidentes aéreos precisam de tempo para serem investigados.”

De acordo com um comunicado de imprensa, os serviços secretos ucranianos apontam para três hipóteses para explicar o sucedido: o piloto pode não ter cumprido todas as regras de segurança durante o voo; pode ter havido uma avaria; ou uma “acção deliberada para destruir a aeronave”.

O enviado especial do El País à Ucrânia escreve que o tráfego de aviões e helicópteros no país está, regra geral, interrompido, pois podem ser derrubados. Os helicópteros que de facto sobrevoam a capital fazem-no sempre a baixa altitude.

"Manhã negra"

Zelensky fala em "grande tragédia" e descreve a "manhã negra", numa publicação partilhada no Telegram. "Hoje, uma tragédia terrível aconteceu em Brovary, na região de Kiev. Um helicóptero caiu e um incêndio deflagrou no local. Ainda se está a tentar saber o número de vítimas", escreveu. "A dor é indescritível. O helicóptero caiu no terreno de um dos infantários."

De acordo com os relatos que foram chegando do local, o infantário já estava em funcionamento e foi imediatamente evacuado.

"Pedi aos serviços de segurança da Ucrânia que, em cooperação com a polícia nacional e outras instituições autorizadas, descubram as circunstâncias em que isto aconteceu. Todos os serviços estão a trabalhar no local da tragédia", completa o Presidente ucraniano.

No helicóptero seguiam pelo menos oito pessoas, entre elas vários membros do Ministério do Interior: o ministro do Interior, o seu adjunto, Yevhen Yenin, e o secretário de Estado Yuriy Lubkovich. Todos os ocupantes da aeronave morreram.

De acordo com o gabinete presidencial ucraniano, o ministro do Interior estava a deslocar-se para um “ponto crítico” da guerra quando o helicóptero se despenhou, escreve a BBC.

Monastyrsky, 42 anos, era uma figura de relevo no governo de Zelensky e desempenhava o papel fundamental de actualizar a população acerca dos desenvolvimentos da guerra, nomeadamente o número de baixas causadas pelo exército russo. O ministro tinha sob as suas ordens não apenas as corporações de polícias, mas também a guarda nacional e os serviços de segurança fronteiriços — os últimos com um papel de grande relevância desde o início da guerra.

Na mesma publicação no Telegram, Volodymyr Zelensky presta homenagem aos "verdadeiros patriotas da Ucrânia": "As minhas condolências a todas as famílias e amigos das vítimas. Denys, Yevhen, Yuri, a equipa do Ministério do Interior... Verdadeiros patriotas da Ucrânia. Que descansem em paz. Que todos os que perderam a vida nesta manhã negra descansem em paz".

Anton Herashchenko, conselheiro do Ministério do Interior, também partilhou um pequeno tributo às vítimas, onde se refere aos três membros do Governo como “amigos”. “Todos os que seguiam a bordo do helicóptero eram patriotas da Ucrânia, que defenderam e fortaleceram a Ucrânia. Vamos sempre lembrar-vos. As vossas famílias estarão sempre sob a protecção de amigos e do Estado”, escreveu no Twitter.