Rafael Nadal sem sorte diante de tenistas dos EUA

Espanhol abandonou o Open da Austrália na segunda eliminatória devido a lesão.

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Rafael Nadal EPA/LUKAS COCH

As lágrimas de María Perelló ao ver o marido sair lesionado e ficar praticamente sem possibilidades de discutir a vitória na segunda eliminatória do Open da Austrália traduziram a tristeza de Rafael Nadal, por se sentir impotente em defender o título. O detentor de 22 troféus do Grand Slam não desistiu e, muito limitado, ainda lutou durante todo o terceiro set, mas não impediu a vitória de Mackenzie McDonald, despedindo-se prematuramente do torneio.

“Senti algo na anca e acabou-se. Já tinha notado alguma coisa nos dias anteriores, mas nada como hoje. Tenho um historial de problemas na anca que me obrigaram a fazer tratamentos no passado. Tentei jogar sem agravar o problema, mas só queria terminar o encontro; não queria desistir porque era o campeão”, explicou Nadal, depois da derrota, por 6-4, 6-4 e 7-5.

Com apenas dois encontros realizados antes de vir para Melbourne e uma ronda inicial onde o adversário cedeu fisicamente no quarto e último set, o tenista de 36 anos pode ter acusado a falta de competição. “Dar o melhor até ao fim, não interessa as hipóteses que se tem. É essa a filosofia do desporto, é a sua essência. Tentei segui-la durante toda a minha carreira”, explicou o espanhol.

“Estou cansado e frustrado por estar em processos de recuperação de lesões durante grande parte da minha carreira, mas sempre o aceitei. Não posso dizer que não estou destroçado porque estaria a mentir. Podia vir aqui e dizer que a vida é fantástica e que tenho de manter-me positivo, mas não vou dizê-lo agora. A nível desportivo, o copo vai-se enchendo e pode haver um momento em que a água sai”, confessou Nadal, não querendo alongar-se mais sobre o tempo de paragem. “É difícil dizer exactamente o que tenho antes de fazer uma ressonância. Não sei se o problema é no músculo ou na cartilagem. Espero que não seja excessivamente mau e que me mantenha muito tempo fora. Porque não é só regressar, mas sim o tempo que passa até atingir um nível decente”, disse o espanhol.

Para McDonald, esta foi a segunda vitória sobre um top 10 e começou a desenhar-se bem cedo, quando fechou o set inicial depois de salvar um break-point no derradeiro jogo. A 4-3 do segundo set, Nadal correu para o seu lado esquerdo quando sentiu uma dor na coxa esquerda. Após ceder o nono jogo, recebeu assistência médica, mas pouco havia a fazer e o espanhol cedeu definitivamente, ao fim de 2h32m.

Foi a eliminação mais precoce de Nadal num Grand Slam desde que perdeu com o compatriota Fernando Verdasco, em cinco sets, no Open da Austrália de 2016. E foi também a quarta derrota consecutiva de Nadal diante de tenistas norte-americanos, depois de ter perdido com Frances Tiafoe (US Open), Tommy Paul (Paris) e Taylor Fritz (ATP Finals) na parte final da época de 2022.

“Estou muito contente pela forma como comecei o encontro. Estava a jogar mesmo bem, óptimo a servir e a responder também. Estava a fazer-lhe mossa”, frisou “Mackie” que, em 2021, atingiu a quarta eliminatória do Open da Austrália, antes de comentar a lesão de Nadal: “Na verdade, foi muito difícil manter-me mentalmente ligado, mas encontrei uma forma de o fazer e estou feliz. Ele é um campeão incrível, nunca desiste, independentemente da situação.”

O norte-americano de 27 anos e 65.º no ranking mundial (foi 48.º em Agosto passado) conhece bem o sentimento de frustração de estar lesionado: um problema no isquiotibial direito obrigou-o a uma cirurgia em 2019 – anos em que derrotou Juan Martin Del Potro (então número quatro do ranking) e subiu ao 57.º lugar – e atirou-o para o 272.º posto. Com a reentrada no top 50 garantida, McDonald vai defrontar na terceira ronda o japonês Yoshihito Nishioka (33.º).

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