Centeno confiante de que zona euro não vai entrar em recessão

“Talvez sejamos surpreendidos” com o desempenho económico da zona euro no primeiro trimestre deste ano, considera o governador do Banco de Portugal.

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, acredita que, apesar da probabilidade de uma desaceleração, não haverá recessão económica Ricardo Lopes

O governador do Banco de Portugal está confiante de que é possível evitar, para já, a recessão na zona euro, acreditando que o crescimento resistiu no quarto trimestre de 2022 e que irá ser positivo no primeiro trimestre de 2023.

Mário Centeno falava num painel no âmbito da 53.ª reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, este ano dedicada ao tema “Cooperação num Mundo fragmentado”. O governador do Banco de Portugal (BdP), que faz parte do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE), assinalou que “a economia tem surpreendido trimestre após trimestre”, pelo que prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro tenha escapado a uma contracção no último trimestre do ano passado.

Paralelamente, revelou-se optimista para o primeiro trimestre de 2023: “talvez sejamos surpreendidos” com um crescimento positivo, salientando ser natural uma desaceleração.

Ainda assim, revelou que o preocupa o sentimento de confiança de empresas e famílias, admitindo que, na zona euro, ainda não houve a recuperação total do que aconteceu em Fevereiro. Para o governador do BdP, as tensões geopolíticas são, especialmente para a Europa, o maior desafio, mas realçou acreditar que está dotada dos instrumentos necessários”. “É por isso que acredito que podemos evitar a recessão”, salientou.

Mário Centeno defendeu, ainda, que a “normalização da política monetária é necessária na Europa”, garantindo que o BCE irá continuar a “combater a inflação”. “Não quero subscrever a ideia de que os bancos centrais começaram a recessão, porque a inflação também não é boa”, disse.

O governador do Banco de Portugal considerou, também, que se está a “redesenhar a globalização”: “não acredito na desglobalização”, afirmou. “Espero que, desta vez, o possamos fazer de uma forma mais inclusiva”, disse, dando nota de que a redistribuição não é suficiente e é precisa uma abordagem “mais ampla”.

O Fórum Económico Mundial reúne líderes internacionais governamentais, institucionais, empresariais e da sociedade civil, que ao longo desta semana estão a debater “os desafios económicos, energéticos e alimentares que se colocam às economias mundiais e lançar as bases que permitam construir um mundo mais sustentável e resiliente”.