Rui Pinto: “Tive comportamentos errados em que violei a lei”
Na última oportunidade para tomar a palavra, pirata informático diz-se arrependido de violar privacidade das vítimas. Sentença será conhecida a 28 de Abril.
“Foi dado a entender pelo Ministério Público e alguns advogados que não demonstrei um arrependimento sincero. Estão equivocados. Como expliquei nas minhas declarações anteriores, tenho a vida de pernas para o ar. Foram anos muito complicados. Não vou dizer que tenho a vida destruída, ainda estou vivo. Enquanto há vida, há esperança. Tive comportamentos errados em que violei a lei.”
Esta segunda-feira marcou o encerramento do julgamento do processo Foobtball Leaks, dois anos e quatro meses após ter arrancado. A sentença vai ser conhecida a 28 de Abril às 10h. Na última oportunidade para tomar a palavra, Rui Pinto garantiu estar arrependido de ter violado as caixas de correio electrónico das várias vítimas que compõem o processo, mesmo pesando os impactos positivos das revelações que encabeçou. Um sentimento que assume ainda mais peso, assegura, ao falar dos advogados envolvidos no caso: "Nada justifica violar as caixas de correios de advogados, falando agora da PLMJ. Todos os advogados têm direito ao sigilo profissional."
Há exactamente quatro anos, a 16 de Janeiro de 2019, Rui Pinto era detido em Budapeste. Desde essa altura, afiança, não voltou a quebrar a lei, mesmo quando essa possibilidade se apresentou. "Estive mais de um ano em prisão preventiva. Mesmo no estabelecimento prisional, se quisesse, arranjava um telemóvel. Fiz sempre questão de dizer que não", relembra.
Momentos antes, o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, pediu pena de prisão com pena suspensa para o seu cliente. Isto porque, embora o pirata informático tenha assumido a existência de acessos ilegítimos para aceder à informação, as revelações tiveram um impacto global positivo para a sociedade e permitiram às autoridades investigar suspeitas de crimes do futebol à alta finança.
"É uma pessoa que estava inequivocamente motivada em denunciar. É verdade que é uma pessoa revoltada, tal como todos os denunciantes, por ser o único a pagar pelas revelações", começou por dizer a defesa de Rui Pinto.
Uma das atenuantes levantadas pelo advogado prende-se com a colaboração activa que o principal arguido do processo Football Leaks tem com a Polícia Judiciária (PJ). Rui Pinto está num programa de protecção de testemunhas desde Abril de 2020, depois de aceitar desencriptar os discos rígidos que continham os milhões de documentos que originaram as revelações do Football Leaks e Luanda Leaks. Teixeira da Mota relembrou o testemunho de Luís Neves, director da PJ, relembrando aos juízes a importância do cliente para as investigações em curso.