Rui Pinto opôs-se à publicação de e-mails do Benfica, insiste defesa
Advogado do hacker diz que blogue Mercado do Benfica foi criado à revelia de Rui Pinto. Alegações finais decorrem esta segunda-feira.
A defesa de Rui Pinto insiste que o pirata informático não esteve relacionado a publicação dos e-mails dos responsáveis do Benfica, opondo-se a esta ideia. Francisco Teixeira da Mota, representante de Rui Pinto, fecha esta segunda-feira as alegações finais do julgamento, garantindo ao tribunal que o hacker não esteve envolvido na criação do blogue Mercado do Benfica, página onde foram publicados documentos confidenciais das "águias".
A questão dos e-mails do Benfica surgiu quando se abordou a participação de outras pessoas na recolha de documentos e publicações do Football Leaks. Rui Pinto assume toda a responsabilidade nesta página, mas garante que foi um dos colaboradores a atingir as "águias".
“O arguido não aceita e repudia veementemente a questão do [blogue] Mercado de Benfica, foi contra a sua vontade. E só aí é que está a distinção. O arguido sempre assumiu a responsabilidade pelo Football Leaks", referiu Francisco Teixeira da Mota. Num dos discos rígidos apreendidos pelas autoridades húngaras em Budapeste, Rui Pinto tinha os documentos partilhados nesta página. Contudo, o advogado do hacker diz que isto "não faz prova" que tenha sido ele o responsável pelas publicações.
No início de 2019, foram publicados nesta página os conteúdos integrais de caixas de correio electrónico de figuras ligadas ao Benfica. As publicações atingiram dirigentes e advogados do clube, sendo também partilhados documentos relativos às estratégias usadas pelas "águias" em certos processos. Em alguns casos, informações médicas sensíveis foram partilhadas publicamente, sendo possível a qualquer pessoa fazer o download destes conteúdos.
Em Outubro, tinha sido o próprio Rui Pinto a negar a autoria destas publicações, admitindo conhecer bem o autor da página em questão e apelidando de "canalhice" a decisão de publicar na íntegra as caixas de correio dos "encarnados".
Em 2017, alguns destes e-mails tinham sido recebidos de fonte anónima pelo director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, que os divulgou num programa do Porto Canal afecto ao clube. Este caso está actualmente a ser julgado.
Conhecida a afinidade de Rui Pinto ao FC Porto, o hacker foi ligado a esta página. Já esta manhã, Teixeira da Mota procurou afastar o interesse clubístico como uma das motivações nas revelações.
“A acusação pública pretendia imputar ao arguido uma motivação clubística. O Rui Pinto é adepto do FC Porto. No entanto, ficou aqui provado que toda a actividade do Football Leaks não se guiou por isso. E mais: a maioria dos contratos revelados era desse clube".