Portugal soube reerguer-se no Mundial de andebol

O guarda-redes Miguel Espinha teve um desempenho de alto nível e contribuiu para um grande triunfo de Portugal, que conseguiu ganhar por diferença suficiente para avançar como vencedor do grupo.

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André Gomes em acção no Mundial EPA/Tamas Kovacs

Nesta segunda-feira, quando acordou, a selecção nacional de andebol estava numa situação estranha no Mundial. Por um lado, Portugal vivia a tranquilidade de a presença na segunda fase da prova já ser uma realidade. Por outro, vivia o suplício de precisar de somar pontos que, nesta competição, contam na fase seguinte. E o objectivo a longo prazo não só foi cumprido como foi superado.

Já ao início da noite, Portugal impôs-se perante a Hungria (27-20), resultado que leva a selecção à fase seguinte com dois pontos somados – a pontuação conquistada frente aos demais apurados (Islândia e Hungria, neste caso) também conta na segunda fase.

Como Portugal somou pontos frente à eliminada Coreia do Sul e contra a Hungria, vai começar a segunda fase com dois, tal como húngaros e islandeses. Em suma: o Mundial que começou assim-assim, com a derrota no primeiro jogo, é, agora, bem mais interessante, depois de Portugal se reerguer nos últimos dois jogos.

Acima disto, Portugal conseguiu um triunfo por sete golos que permite reverter a diferença de golos para Islândia e Hungria e vencer o grupo, algo importante numa eventual igualdade pontual na segunda fase. Tudo foi feito e bem feito.

Quem se segue? Brasil, Suécia e Cabo Verde (mais Hungria e Islândia), numa segunda fase de seis equipas das quais duas seguem em frente. No grupo que será jogado em Gotemburgo, na Suécia, é possível dizer que os escandinavos, a jogarem em casa, são amplamente favoritos. Em tese, sobra um lugar para ser disputado por portugueses, brasileiros, cabo-verdianos, islandeses e húngaros.

Espinha de alto nível

Portugal começou este jogo em grande dentro e fora do campo. Fora, porque teve vários islandeses a torcerem pela selecção nacional – interessados numa vitória de Portugal para as contas do grupo.

Dentro do terreno de jogo, Portugal beneficiou de superioridade numérica logo no primeiro minuto, com a expulsão e consequente exclusão de dois minutos ao húngaro Sipos, que deu uma chapada em Kiko Costa.

Apesar de nem estar especialmente eficaz no ataque, Portugal teve em Miguel Espinha um guarda-redes a fazer possivelmente o melhor início de jogo da carreira. Fez sete defesas em dez minutos e a Hungria marcou apenas um golo num quarto de hora de andebol.

Portugal prestou-se a defender o pivô Bánhidi (um dos melhores do mundo) em dois contra um, mesmo “dando de borla” um dos pontas húngaros, mal alimentados.

No ataque, tratava-se de fugir ao contacto físico dos “monstros” húngaros, quase sempre a defenderem em 6-0, com a defesa bastante próxima dos seis metros. Com remates de meia distância ou jogadas de mobilidade e incursões em velocidade, Portugal foi construindo um resultado cómodo.

Houve um 6-1 e houve um 11-2, mas acabou “apenas” com 16-9. É estranho Portugal acabar uma primeira parte frente à Hungria a ganhar por sete e dizer que sabe a pouco? Talvez seja. Mas a vantagem foi de nove e acabou em sete – e mesmo que fossem os nove até poderiam parecer pouco, dada a superioridade de Portugal em vários momentos do jogo, nos quais só a ineficácia impediu um resultado mais desequilibrado.

O controlo

Na segunda parte, Portugal tentou manter a dinâmica da primeira parte, prestando-se até a tirar os pontas das suas posições, se isso ajudasse a fazer “dançar” os pesados jogadores húngaros. E ajudava bastante.

A mobilidade e velocidade permanentes continuaram a dificultar o trabalho aos magiares, que nem em superioridade numérica conseguiram que o jogo baixasse da diferença de sete pontos.

Os húngaros continuavam a esbarrar em Miguel Espinha ou simplesmente a dispararem para fora, mesmo em situações de um contra zero – figura longe de ser literal, já que Espinha era tudo menos zero neste jogo.

A Hungria só conseguia trocar golos, isto é, marcar quando Portugal marcava e falhar quando Portugal falhava. E o marcador foi rolando nos mesmos moldes até aos cinco minutos finais.

Nesta fase, Portugal estava a prolongar ataques e tentar que o relógio fosse amigo. Houve triunfo por sete golos, grupo ganho, festa rija e, claro, prémio de melhor em campo para Miguel Espinha.

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