Festival Abril Dança em Coimbra regressa reforçado
Organização congrega agora Teatro Académico de Gil Vicente, Convento São Francisco, Escola da Noite e Teatrão. No horizonte está a possível criação de uma companhia profissional.
O festival Abril Dança em Coimbra, fundado em 2016, terá este ano uma espécie de "recomeço", juntando quatro estruturas de programação da cidade com o objectivo de fazer o evento crescer, tendo no horizonte a possível criação de uma companhia profissional.
Numa conferência de imprensa realizada esta manhã, foram apresentadas as linhas que vão guiar o novo Abril Dança em Coimbra, que passa agora a juntar Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), Convento São Francisco e as companhias de teatro Escola da Noite e Teatrão.
"É um recomeço do festival, desde logo porque estamos quatro", salientou o director do TAGV, Fernando Matos de Oliveira, realçando que a conjugação de esforços tem como objectivo "construir na região Centro um projecto em torno da dança que possa ser mobilizador" e que possa ser "um lugar de atenção e pensamento".
Para o director do TAGV, "há um território para conquistar em Coimbra, onde convivem mais de uma dezena de escolas de dança", considerando que esta nova força em torno do festival tem como horizonte um cenário de profissionalização e de fomento à criação nesta área artística.
"Queremos criar projectos sólidos e continuados na cidade", vincou.
Também o director do Departamento de Cultura da Câmara e responsável pela programação do Convento São Francisco, Paulo Pires, destacou a importância de articulação e do diálogo efectivo entre as estruturas da cidade, referindo que houve uma "reconceptualização do festival".
Em Abril, haverá assim estreias nacionais, espectáculos de dimensão internacional, a possibilidade de conversas ou debates, assim como a estreia de um novo ciclo, intitulado Novas Cenas (dedicado a artistas emergentes), e a apresentação do resultado do RAMPA.0, projecto de formação e criação que também junta as quatro estruturas e que será ministrado pelo coreógrafo Rui Horta e pelo bailarino Miguel Oliveira, adiantou Paulo Pires.
O responsável da autarquia salientou que é fundamental um maior apoio à criação na área da dança na cidade, admitindo que esta nova reconfiguração do festival tem como possível horizonte a criação de uma companhia de dança profissional no concelho.
Já a directora do Teatrão, Isabel Craveiro, realçou a importância de um trabalho de formação e mediação de públicos. "É preciso criar condições para a prática, mas também criar condições para que este público [que se forma nas escolas] se torne espectador assíduo da dança", sublinhou, referindo que tem "imensa expectativa e vontade de trabalhar" perante o desafio lançado por este recomeço do festival.
O coreógrafo Rui Horta, presente na conferência a partir de uma videochamada, sublinhou que Coimbra precisa de "uma atmosfera nova". "Há uma promessa por cumprir em Coimbra. Com o histórico que tem, estamos sempre à espera de Coimbra, do 'é agora'", notou, referindo que é importante que a cidade "consiga forjar um projecto de referência".
Também o director da Escola da Noite, António Augusto Barros, congratulou-se com a junção das quatro estruturas em torno de um objectivo comum, que poderá "estender-se a outros objectivos e a outras ocasiões determinantes".
Para António Augusto Barros, "há uma falha na dança" no que toca ao panorama cultural da cidade, considerando que é preciso atingir o patamar "da criação artística profissional".
"Há muito que se fazem tentativas para que uma companhia se instale, não é de agora. Houve tentativas recentes e mais longínquas de preencher essa lacuna", recordou, sublinhando que convidar uma companhia a instalar-se na cidade "não é uma fórmula muito orgânica", preferindo opções "mais orgânicas, mas que exigem mais tempo", como os passos que estão a ser dados com o Abril Dança em Coimbra.
Para o director da Escola da Noite, é necessário aliar aos orçamentos e vontades das quatro estruturas o "orçamento e a vontade política de desenhar uma estratégia para a dança na cidade".
"Ter uma estrutura ou estruturas de dança na cidade de carácter profissional seria importante para melhorar a auto-estima da cidade, tão abalada depois da candidatura [falhada] à Capital Europeia da Cultura", comentou António Augusto Barros.