“Vice” de Moreira posiciona-se para a Câmara do Porto

Filipe Araújo assume este sábado a liderança da Associação “Porto, o Nosso Movimento”.

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Filipe Araújo assume presidência da Associação "Porto, o Nosso Movimento" Tiago Lopes

Com Rui Moreira em contagem decrescente e as obras emblemáticas previstas para o seu terceiro e último mandato inauguradas (Mercado do Bolhão, Terminal Intermodal de Campanha e Cinema Batalha), Filipe Araújo, vice-presidente da autarquia, posiciona-se para lhe suceder na presidência da Câmara do Porto. E começa por assumir a liderança da Associação Cívica “Porto, o Nosso Movimento”, a rampa de lançamento para entrar na corrida autárquica de 2025.

A tomada de posse dos novos órgãos do movimento independente pelo qual Rui Moreira foi eleito presidente da Câmara do Porto, está marcada para este sábado e Filipe Araújo não esconde a importância de assumir a liderança da associação cívica, sucedendo a Francisco Ramos, que teve um papel crucial na eleição de Rui Moreira, que em 2025 se despede da presidência da autarquia.

Licenciado em Engenharia Electrónica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o vice-presidente do executivo municipal compromete-se, desde já, a dar continuidade ao trabalho de Rui Moreira e tudo fará para que a liderança da cidade não mude de mãos.

Apontado como o sucessor natural de Moreira, Filipe Araújo falou com o PÚBLICO na semana da tomada de posse e mostrou-se empenhado em fazer da associação cívica um espaço de debate e reflexão. “Quero contribuir para que o movimento continue a promover o trabalho de excelência que tem vindo a fazer e não coloco a hipótese de entregar a cidade a quem não a conhece”, declarou.

“Porto, o Nosso Movimento tem todo interesse em mostrar a ambição que ao longo destes anos tivemos e queremos continuar a ter no futuro”, refere, orgulhando-se da cidade que a equipa a que pertence tem vindo a construir. O vereador com a tutela dos pelouros do Ambiente, Transição Climática, Inovação e Transição Digital mostra, assim, a vontade de dar continuidade à estratégia definida pelo movimento independente que vai agora liderar, mantendo intocável o capital político conquistado até agora.

Há uma semana, o número dois de Rui Moreira foi posto à prova, assumindo o protagonismo no comando das operações perante a intempérie que se abateu sobre o Porto, no fim-de-semana, inundando várias ruas, habitações e estabelecimentos.

“Fiz o meu papel. Dei a cara para tranquilizar toda a população”, declarou, observando que "ficou provado que as equipas municipais mostraram que são extremamente capazes e que em menos de 24 horas permitiram devolver a normalidade à cidade"

Quanto à liderança da associação “Porto, o Nosso Movimento”, Filipe Araújo fala dos projectos que tem para o mandato que agora abraça. "Quero fazer do Porto, o Nosso Movimento uma voz forte do Porto, envolvendo os associados na discussão de temas que considero importantes e fulcrais para a cidade", disse. A descentralização de competências da administração central para os municípios - que tem merecido críticas por parte da Câmara do Porto - a descarbonização ou a energia são dossiês que o vice-presidente da autarquia pretende colocar na agenda.

Mas há outros temas em carteira. Para Filipe Araújo, a Via de Cintura Interna é, em termos de mobilidade, o maior problema que o Porto enfrenta, pelo que defende que seja promovido um grande debate envolvendo a própria cidade. "O problema do impacto da descentralização que temos vindo a seguir de forma cuidada é outro tema que o movimento vai querer seguir de perto, bem como o desenvolvimento económico da região e qual é o impacto do Aeroporto Francisco Sá Carneiro" nesse desenvolvimento, garante.

O consumo de droga em espaço público é uma matéria que preocupa a Câmara do Porto. Na semana passada, foi desmantelado um acampamento de toxicodependentes, nas proximidades do bairro da Pasteleira, após uma operação policial de combate ao tráfico e consumo de droga, o que levou o presidente da câmara a dizer: "Estamos a viver num território em que se demonstra que o Estado falhou".

Perante a dimensão do drama, o novo presidente da associação "Porto, o Nosso Movimento" promete não passar ao lado do problema. “Em termos de movimento político, não podemos ignorar aquilo que se passa hoje em dia no Porto com o consumo de droga no espaço público, perto de escolas e de crianças", declara o número dois da Câmara, que quer pôr o movimento a reflectir sobre o desenvolvimento das cidades num contexto de guerra, de pandemia e do ponto de vista económico.

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