Universidade de Coimbra ganha 2,8 milhões de euros para criar circuitos electrónicos
O financiamento atribuído a cientista de Coimbra permitirá criar três laboratórios, onde se vão desenvolver novos materiais para a electrónica.
Um investigador da Universidade de Coimbra conquistou um financiamento europeu de 2,8 milhões de euros, por um período de cinco anos, para desenvolver novos materiais que prometem revolucionar a electrónica e a robótica.
O financiamento do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês), atribuído a Mahmoud Tavakoli, do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra, será aplicado num projecto já em curso “que visa fornecer liberdade de design aos cientistas, permitindo-lhes imprimir circuitos electrónicos futuristas”, refere a Universidade de Coimbra em comunicado.
“A ideia é fazer uma transição da electrónica rígida, quebradiça, poluente e dependente de bateria para uma electrónica macia, resiliente, reciclável e auto-alimentada”, refere Mahmoud Tavakoli, citado no comunicado.
Deste modo, o projecto Liquid3D “desenvolverá uma série de compósitos imprimíveis sem sinterização, inovadores, baseados em metais líquidos, a fim de imprimir células funcionais em 3D para detecção, actuação, processamento e armazenamento de energia”, enfatiza o também director do laboratório de Microelectrónica Macia e Impressa do instituto conimbricense.
“O mais impressionante sobre estes sistemas é que permitirão um novo nível de bioinspiração [o desenvolvimento de novas estruturas, processos ou dispositivos a partir da observação de fenómenos biológicos] em dispositivos produzidos pelo homem, o que ainda não é possível”, assevera Mahmoud Tavakoli.
O projecto Liquid3D começou este mês e, com o financiamento de 2,8 milhões de euros agora obtido, vai permitir criar três novos laboratórios na Universidade de Coimbra: o Laboratório de Materiais Electrónicos Impressos, “que se destina a desenvolver novos materiais para a próxima geração de electrónica e robótica”; o Laboratório de Fabricação Digital, “que pretende criar e validar tecnologias para fabricação aditiva dos materiais desenvolvidos”; e o Laboratório de Microciência e Caracterização, “no qual serão caracterizadas as propriedades eléctricas, mecânicas e óticas dos materiais e sistemas produzidos”, adianta a Universidade de Coimbra.
Os projectos do ERC, da Comissão Europeia, “financiam ciência fundamental de alto risco e alto ganho”, explica Mahmoud Tavakoli.
“O meu objectivo é redefinir a electrónica e a robótica”, assume o investigador, prevendo “uma mudança fundamental nos materiais usados na electrónica e na robótica e na maneira como serão feitos".
Segundo o comunicado, a investigação de Mahmoud Tavakoli tem sido desenvolvida com o apoio do Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), no qual está envolvido em diversos projectos de investigação nas áreas da electrónica vestível, dispositivos electrónicos flexíveis, produção de circuitos elásticos e têxteis electrónicos para monitorização em saúde, entre outros.
