Varzim prepara, na Taça, regresso ao futuro à “boleia” do Benfica

Na Póvoa de Varzim há um projecto de revitalização que pode beneficiar do duelo com os “grandes” na caminhada até ao Jamor.

Foto
O Varzim eliminou o Sporting na 3.ª ronda e quer repetir a proeza frente ao Benfica LUSA/MANUEL FERNANDO ARAUJO

Distante dos grandes palcos há precisamente 20 anos, o Varzim está a aproveitar a Taça de Portugal para reforçar o desejo de um regresso seguro ao patamar mais alto do futebol nacional. Ambição projectada em plena época de reestruturação, acelerada pelo segundo mergulho, em 12 anos (desde 2011), nos campeonatos não profissionais.

Depois de ter afastado o Sporting (1-0) na terceira eliminatória da Taça de Portugal, a equipa da Póvoa de Varzim — que, entretanto, suplantou o S. João de Ver nos 16 avos-de-final — conta poder repetir a façanha na recepção desta noite (20h45, RTP1) ao Benfica, líder isolado do principal campeonato português, dois degraus acima da realidade de um Varzim empenhado na luta pela liderança da Série A da Liga3.

O mais recente golpe num longo período de crise dos poveiros, clube com mais de 600 partidas em 21 participações no primeiro escalão — onde em 1978/79 obteve um quinto lugar, apenas superado por FC Porto, Benfica, Sporting e Sp. Braga —, acelerou a aposta numa nova visão.

Os dados estatísticos parecem reforçar a ideia dos líderes do clube, que pretendem cavalgar uma nova vaga com a chegada do director-geral da SDUQ, André Geraldes, que há dois meses acumula funções como “arquitecto” da formação varzinista, num repto colocado por Edgar Pinho, presidente do clube alvi-negro.

Nesse capítulo, nada melhor do que a projecção mediática que o Varzim tem conquistado na Taça de Portugal. Até para capitalizar apoios indispensáveis de suporte a um regresso rápido aos campeonatos profissionais, sempre com a I Liga no horizonte.

Nessa perspectiva, a visita do Benfica pode significar uma viagem a polos opostos: o triunfo (2-1) nos oitavos-de-final da edição da Taça de Portugal de 2006/07 (também na Póvoa)... precisamente frente ao adversário que infligiu a derrota mais pesada do historial dos “lobos do mar”, um 8-0 repetido nos idos 1964, 1968 e 1982, sempre na Luz, para o campeonato.

Claro que ao Varzim interessa repetir 2007, a penúltima vez que a equipa poveira ultrapassou os oitavos-de-final da prova-rainha, feito conseguido há três épocas, sob o comando técnico de Paulo Alves, antes de ser eliminada (2-1) nos “quartos” pelo FC Porto, vencedor dessa edição.

O vídeo do jogo de Fevereiro de 2007 pode ser o reforço ideal do moral (já de si em alta) dos poveiros, uma “arma” que também pode funcionar para o balneário do Benfica, a ilustrar como surgem as surpresas mais desagradáveis desta prova.

Rui Costa, Luisão e Simão Sabrosa, agora com altas responsabilidades na estrutura “encarnada”, estiveram no terreno e podem ajudar a perceber a angústia vivida por essa equipa liderada por Fernando Santos, que nem sequer facilitou na escolha do onze.

Agora, o facto de o Benfica poder cair na tentação de reservar alguns jogadores para o clássico da Luz, frente ao Sporting — apesar dos avisos deixados por Caldas e Estoril — é mais um factor a observar pelo treinador varzinista, Tiago Margarido, que já teve oportunidade de afirmar que não abdicará de um jogo de paciência e transições para tentar perturbar o conjunto de Roger Schmidt.

Estratégia que o técnico alemão levará em linha de conta, conforme sugeriu na conferência, onde sublinhou o desfecho, sempre por 1-0, dos últimos três jogos dos poveiros na Taça de Portugal, forte indicador de uma boa competência e organização defensivas, acompanhadas da eficácia necessária para marcar a diferença.

Para o Varzim, que no seu plano de reestruturação aproveitou para remodelar as infraestruturas, o quinto embate “caseiro” na Taça oferece uma rara oportunidade de testar as novas condições do estádio (a recepção ao Sporting aconteceu em Barcelos; e o jogo com o Feirense foi na Maia) com o recinto lotado, moldura que, exceptuando a Taça, só a I Liga pode proporcionar.

Repetir o sucesso das quatro eliminatórias anteriores — sobretudo da terceira, frente aos “leões” —, poderá ser determinante para a tão pretendida viragem do Varzim, independentemente da urgência de uma promoção à II Liga poder assumir um peso bem maior no prato certo da balança que influenciará o futuro do emblema poveiro.

Sugerir correcção
Comentar