Missão falhada: satélites do centro espacial britânico não chegaram à órbita

Missão do Reino Unido para enviar satélites para espaço não atingiu objectivo e falhou devido a uma “anomalia” no foguetão. A agência espacial britânica quer tentar de novo ainda este ano.

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O avião modificado Cosmic Girl transportou o foguetão acoplado até dez mil metros de altitude, onde o "largou" em direcção ao espaço HENRY NICHOLLS/REUTERS
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Os espectadores juntaram-se no Centro Espacial da Cornualha em torno de uma réplica do foguetão lançado pelo Reino Unido HENRY NICHOLLS/REUTERS
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O Centro Espacial da Cornualha recebeu cerca de 2000 espectadores para ver a descolagem do avião da Virgin Orbit HENRY NICHOLLS/Reuters
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Engenheiros a trabalhar no foguetão LauncherOne, já acoplado a uma asa do avião modificado utilizado nesta missão espacial HENRY NICHOLLS/REUTERS
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Uma réplica do foguetão LauncherOne utilizado na missão Start Me Up, lançada na noite desta segunda-feira HENRY NICHOLLS/REUTERS
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O Centro Espacial da Cornualha foi o local de partida para esta missão espacial HENRY NICHOLLS/REUTERS

A entrada em 2023 era destinada a somar um novo marco, desta vez com o Reino Unido a lançar satélites para o espaço que descolaram do seu território. Mas a primeira missão da Start Me Up, nome inspirado na música homónima dos também britânicos The Rolling Stones, acabou por falhar o objectivo e, quando tudo parecia estar a correr na perfeição, o foguetão começou a perder altitude e não chegou ao destino: a órbita da Terra.

A partida daquele que seria o primeiro lançamento de um foguetão com nove satélites no continente europeu foi realizada em duas fases, como estava previsto. Primeiro, com o transporte do foguetão LauncherOne (e dos seus satélites) acoplado num avião modificado da Virgin Orbit (conhecido como Cosmic Girl), que descolou do aeroporto Newquay, na Cornualha, no Sul do Reino Unido – agora transformado também em Centro Espacial da Cornualha.

Depois de atingir os dez mil metros de altitude e enquanto sobrevoava o oceano Atlântico, o foguetão foi “largado” e, cinco segundos depois, os propulsores dispararam em direcção ao espaço. Estava concluída a segunda fase deste lançamento, apelidado como "descolagem horizontal" por não ser a típica partida directamente do solo.

O voo não estava terminado. Ainda faltava cumprir a parte mais importante da missão: colocar os satélites na órbita da Terra, a mais de 500 quilómetros acima do nosso planeta. Passado 35 minutos da ascensão do foguetão, quando este já devia ter atingido há muito tempo a órbita da Terra, surgiu a informação na rede social Twitter, na conta da empresa espacial Virgin Orbit, responsável pela missão em conjunto com a Agência Espacial do Reino Unido (UKSA, na sigla em inglês), de que “uma anomalia” tinha impedido a missão de chegar à órbita.

Antes, já a Virgin Orbit tinha escrito na mesma rede social que a missão tinha atingido a órbita com sucesso – mas tal revelou-se aquém da altitude necessária para deixar os nove satélites que iam a bordo do foguetão. Tanto o foguetão como os satélites estão inutilizáveis.

A empresa fundada pelo empresário Richard Branson, que tem promovido o turismo espacial nos últimos anos, afirmou tratar-se de uma “falha técnica” no sistema do foguetão num comunicado publicado na madrugada desta terça-feira. No entanto, não foram dados mais esclarecimentos sobre a origem do problema, com a indicação da Virgin Orbit e da UKSA de que é necessária uma investigação mais detalhada a esta anomalia.

Nova tentativa de ida ao espaço ainda este ano

Este era o primeiro passo na intenção do Reino Unido em tornar-se uma figura proeminente no transporte de satélites para o espaço, sobretudo para voos comerciais. Juntamente com o foguetão que descolou do avião Boeing 747 modificado, viajavam nove satélites destinados a várias operações militares e civis, como a monitorização dos oceanos ou a melhoria dos sistemas de navegação. Entre os clientes que levavam satélites para o espaço estavam os governos britânico e norte-americano, além de parceiros privados.

Apesar de ser apelidado, pelos responsáveis britânicos, como o primeiro lançamento do território europeu, a verdade é que a descolagem do foguetão aconteceu bem longe do solo – daí não ser propriamente um lançamento a partir do Reino Unido. Era, no entanto, tida como o início de uma nova era espacial para os britânicos, mas fica agora adiada uma missão bem-sucedida. Em declarações à BBC, o director-adjunto da UKSA, Ian Annett antecipa uma nova tentativa nos próximos 12 meses, ou seja, ainda este ano de 2023.

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Os espectadores viram o avião descolar, mas, no fim, a missão não atingiu a altitude necessária e falhou HENRY NICHOLLS/REUTERS

Com mais de 2000 pessoas aglomeradas no aeroporto de Newquay para ver o avião a levantar voo, a missão Start Me Up levantou voo, mas não chegou ao destino. Como canta Mick Jagger numa outra música dos The Rolling Stones, “nem sempre conseguimos o que queremos” (numa tradução livre de You Can’t Always Get What You Want). A última missão da agência espacial britânica falhou, mas fica a promessa de voltar a tentar lançar satélites para o espaço – para serem os primeiros a fazê-lo do continente europeu.

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