José Cardoso quer IL como “partido de Governo” com “presidente a tempo inteiro”

Na apresentação da candidatura à liderança da IL, o conselheiro nacional apresentou-se como o líder da “única onda de reflexão sobre princípios e práticas liberais” no partido.

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José Cardoso quer um "liberalismo de proximidade"

O candidato à liderança da Iniciativa Liberal José Cardoso defendeu este sábado que o partido precisa de um "presidente a tempo inteiro", que não seja deputado, e disse querer criar um "partido de Governo" e eleger nas próximas três eleições.

Na apresentação da sua moção estratégica, em Lisboa, José Cardoso defendeu que "aquilo que falhou nos últimos anos é que é impossível fazer um bom trabalho na Assembleia da República e um bom trabalho no partido", aludindo ao facto de o actual presidente, João Cotrim Figueiredo, ser deputado, assim como os seus dois adversários na disputa pela liderança, Carla Castro e Rui Rocha.

"O que é preciso mesmo é um presidente a tempo inteiro no partido, porque há um projecto político para construir, porque a IL ainda é - nós todos sabemos - um projecto novo. Falta alguém que faça esse caminho e eventualmente até é bom que tenha algum distanciamento da Assembleia da República", defendeu.

Neste discurso, José Cardoso, que é conselheiro nacional da IL, apresentou-se como o líder da "única onda de reflexão sobre princípios e práticas liberais" no partido. "A única pessoa, nos últimos três anos, que tentou puxar um caminho, certo ou errado, diferente daquele que temos trilhado, tenho sido eu", referiu.

O candidato salientou que, nos últimos três anos, levantou temas "como a descentralização dentro do partido", "transparência salarial e de donativos da IL" ou "liberalismo de proximidade", acusando os seus adversários de, durante esse período, terem votado "contra todas" estas propostas e agora apresentarem medidas idênticas.

"Como é que era possível chegarmos a um momento eleitoral destes e não haver alguém que viesse defender estas ideias que nós temos reflectido? Vejo também que algumas dessas ideias aparecem agora noutras candidaturas... Bom, entre a cópia e o original, eu sou o original dessas ideias", defendeu.

Entre as propostas que apresenta ao partido na sua moção de estratégia global - que tem como título "Um Partido e um País sem medo da liberdade dos outros" -, José Cardoso sugere a criação de um "liberalismo de proximidade".

O candidato referiu que essa proximidade não se trata de ser "populista" nem "popular" - numa alusão a João Cotrim Figueiredo, que justificou a saída da liderança por o partido precisar de ser "mais combativo" e "popular" -, mas "entender o que as pessoas precisam e ser capaz de lhes dar resposta".

"Eu defendo que a IL deve ser um partido de Governo e não um partido de protesto. Para ser um partido de Governo, tem de dar respostas aos problemas das pessoas e não vender-lhes sonhos que não sejam exequíveis ou populismos", salientou.

Para tal, em termos de objectivos eleitorais, o candidato desde já obter representação nas eleições regionais da Madeira, ainda este ano, e nas eleições europeias e regionais dos Açores, ambas em 2024.

Questionado pelos jornalistas se considera que alianças com o Chega são uma "linha vermelha" para a IL se tornar esse partido de Governo, José Cardoso disse que não gosta de "ostracizar os eleitores dos outros partidos", mas descartou qualquer entendimento com o partido liderado por André Ventura por razões ideológicas.

"A IL baseia a sua ideia em factos e em ciência, não em populismo. Portanto, como é que vai governar com o Chega? Nós defendemos a liberdade individual das pessoas, o Chega ostraciza certos grupos de pessoas. (...) Há um mar, um oceano, entre a forma de fazer política dos dois partidos", referiu.

Na sua moção, José Cardoso deixa críticas implícitas à liderança de João Cotrim Figueiredo, indicando que a IL "deve ser um partido focado nos cidadãos e não no PS, como até agora" e concentrar-se "nos membros e não na Comissão Executiva, como até agora".

José Cardoso promete designadamente "rever o programa político" da IL e criar um Fórum Liberal Anual, com periodicidade anual, para congregar as "ideias novas" que os membros da IL têm e mostrá-las ao exterior.

"O mundo ficava-nos a ver de forma diferente, podia participar connosco e perceber que nós não somos nem "queques", nem os meninos ricos que querem baixar os impostos, dar a possibilidade de as pessoas virem pensar e virem pensar a política liberal", referiu.

Na lista de nomes que propõe à Comissão Executiva do partido, só João Pereira - proposto para a vice-presidência - tem assento num órgão nacional da IL (Conselho Nacional), além de José Cardoso, que é também conselheiro nacional.