Organização do Casa Pia deixa o FC Porto mais longe do título

Mesmo jogando mais de 45 minutos em inferioridade numérica, os lisboetas conseguiram resistir e empataram sem golos com os portistas.

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O FC porto não foi capaz de ultrapassar o Casa Pia EPA/TIAGO PETINGA

Uma semana depois de conseguir recuperar três importantes pontos ao Benfica, o FC Porto voltou a atrasar-se na luta pela reconquista do título. No Jamor, frente ao competente Casa Pia, os “dragões” jogaram toda a segunda parte em superioridade numérica, mas apenas nos últimos minutos conseguiram encostar os lisboetas às cordas. No entanto, a falta de eficácia portista e a qualidade de Ricardo Batista na baliza casapiana manteve o “zero” no marcador até final. Com este empate, o FC Porto fica a sete pontos da liderança e perde o segundo lugar para o Sp. Braga.

A atravessar uma boa fase no campeonato — 13 golos marcados e dois sofridos nas últimas três jornadas —, Sérgio Conceição sabia que teria pela frente no Jamor um exame de risco, mas, mesmo não tendo disponíveis Zaidu, Evanilson e Pepe, deixou de início no banco Eustáquio e Pepê.

A aposta em Grujic e Gabriel Veron não pareceu, no entanto, retirar fôlego aos “dragões” na fase inicial. Mesmo sem conseguir criar lances de muito perigo para Ricardo Batista, o FC Porto mostrou-se autoritário na metade inicial da primeira parte, período em que, quase sempre com remates de meia distância, causou alguns problemas aos lisboetas.

Porém, após resistir ao primeiro embate, o Casa Pia libertou-se da pressão. A realizarem um campeonato soberbo, os “gansos” não tinham disponíveis Leonardo Lelo, uma das revelações desta época, e Romário Baró, médio emprestado pelo FC Porto. No entanto, Filipe Martins voltou a mostrar sagacidade táctica. Com uma linha de cinco atrás, o treinador casapiano retirou largura ao ataque rival, procurando depois contra-atacar, preferencialmente pela direita, onde Godwin tinha pela frente um lateral permeável a defender (Wendell).

Bem encaixado no “onze” rival, o Casa Pia mostrou-se ofensivamente pela primeira vez aos 20’ — após um cruzamento de Poloni, Fernando Varela rematou ao lado. No minuto seguinte, Filipe Martins teve, porém, a primeira contrariedade: após sofrer uma entrada dura de Uribe, Ângelo Neto saiu por lesão.

A troca do médio brasileiro pelo camaronês Yan Eteki não mexeu com o guião da partida. Com Veron a mostrar-se pouco lúcido e Taremi muito desapoiado, o FC Porto, à medida que os ponteiros do relógio avançavam, foi perdendo o controlo, mas, em cima do intervalo, a estratégia do Casa Pia sofreu um forte abalo: Lucas Soares, que era o único “amarelado” em campo, teve uma entrada imprudente sobre Galeno e foi expulso.

A inferioridade numérica dos “alfacinhas” levou a que os dois treinadores mexessem nas suas equipas ao intervalo. Sem Soares, que tinha a função de fechar o flanco direito, Filipe Martins recompôs a sua linha defensiva com a entrada do central João Nunes – Clayton, a referência no ataque, foi o sacrificado. Do outro lado, como se previa, a aposta foi no reforço ofensivo: Conceição abdicou de Uribe (Otávio passou para a zona central) e Pepê passou a jogar próximo de Taremi.

Com um 5x3x1 bem definido a defender (Godwin tinha o exclusivo de ter reduzidas preocupações defensivas), o Casa Pia passou a jogar nos 40 metros à frente da sua baliza e o FC Porto passou a ter um muro negro à sua frente para ultrapassar.

O resultado, era um jogo de sentido único, onde o FC Porto, apenas como Taremi fixo na área, tinha domínio a mais e oportunidades a menos – aos 57’, Galeno, de cabeça, causou o primeiro grande susto para Ricardo Batista.

Sentindo que a equipa estava com problemas, Conceição foi novamente ao banco, colocando mais artilharia pesada na frente: o apagado Veron cedeu o lugar a Toni Martinez. Com duas referências portistas na área, os centrais do Casa Pia perderam a partir daí algum conforto e, aos 62’, Taremi surgiu sozinho à entrada da pequena área, mas o iraniano desperdiçou de cabeça uma oportunidade flagrante. Oito minutos depois, foi Toni Martinez que esteve perto de marcar, mas Ricardo Batista travou o remate do espanhol.

Colocando com assiduidade sete jogadores na entrada da área, o FC Porto passou a criar perigo com mais facilidade, mas aí Ricardo Batista assumiu o protagonismo, com um par de defesas de muita qualidade.

A jogar contra o relógio, os “dragões” passaram a tentar a jogar com mais coração do que cabeça, mas a sofreguidão “azul e branca” retirou discernimento na hora da finalização e, quando os portistas decidiam bem, na baliza do Casa Pia estava Ricardo Batista, que segurou mais um importante ponto para a equipa de Filipe Martins.

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