O dinheiro argentino perdeu tanto valor nos últimos anos que Sergio Guillermo Diaz descobriu que pintar em notas, mesmo nas mais valiosas, se tornou acessível.
Com uma inflação anual que provavelmente se aproximou dos 100% no ano passado, a maior nota da moeda argentina, a de mil pesos, vale cerca de 5,30 euros ou apenas três em mercados paralelos, utilizados para contornar os controlos de capitais.
"Hoje em dia, faz sentido para mim pintar na nota mais valiosa da Argentina. Uma vez pintada, posso vendê-la por muito mais do que o valor da nota", explica Diaz, à Reuters, numa entrevista na cidade de Salta, no norte do país.
O artista diz que introduz os temas da inflação e da desvalorização do peso nas suas obras, que também apresentam a nota de um dólar dos Estados Unidos.
Nas notas, pinta imagens que vão desde a estrela de futebol Lionel Messi a levantar a taça do mundial até a imagens satíricas sobre a acentuada desvalorização do peso nos últimos anos — um fenómeno que tem ajudado a arrastar 40% da população do país para a pobreza.
Diaz diz que o seu trabalho "reflecte como a inflação é vivida, como está a crescer, o que acaba por nos afectar a todos". "Afecta totalmente as nossas vidas e o nosso poder de compra", conclui.