Pelé foi hoje sepultado em São Paulo, a 900 metros do estádio do Santos
A bordo de um carro de bombeiros e embrulhado na bandeira do Brasil, caixão passou pelas ruas que viram o “rei” nascer para o futebol. Funeral foi reservado à família do jogador.
Esta terça-feira foi o adeus definitivo do Brasil e do mundo ao "rei" Pelé. O dia foi marcado pela forte emoção dos adeptos: o corpo do jogador esteve em câmara ardente no estádio do Santos desde segunda-feira, com o clube a confirmar que mais de 230 mil pessoas fizeram questão de se despedir pessoalmente da lenda do futebol. O caixão do jogador – embrulhado na bandeira do Brasil – seguiu a bordo de um carro de bombeiros em marcha lenta pelas ruas da cidade de Santos, município do estado de São Paulo.
Situado a apenas 900 metros do estádio do Santos, o cemitério vertical Memorial Necrópole Ecuménica foi o ponto final do cortejo, depois de cinco dias de cerimónias fúnebres e homenagens.
O corpo do antigo jogador chegou por volta das 14h locais (17h em Lisboa) ao cemitério onde foi sepultado, numa cerimónia reservada à família e amigos próximos que reuniu 140 pessoas. A seu pedido, o corpo do "rei" ficou num jazigo dourado, personalizado com uma fotografia sua, no primeiro andar do edifício. O espaço poderá ser visitado, mas a data de abertura ao público ainda está por definir.
No nono andar do mesmo cemitério, considerado o mais alto do mundo, estão sepultados João Ramos do Nascimento, pai de Pelé, e Jair Arantes do Nascimento, irmão do jogador.
Antes disso, o caixão seguiu em cortejo pelas ruas de Santos, município no estado de São Paulo, durante quase duas horas, passando pelas ruas que viram crescer aquele que, para muitos, é o melhor futebolista de todos os tempos. Milhares de pessoas com bandeiras, camisolas e outros adereços alusivos à carreira do jogador entoaram cânticos e agradecimentos, com muitas lágrimas à mistura. "Adeus e obrigado, Pelé", foi o grito de ordem esta terça-feira.
Foi no Santos que o jogador se estreou como profissional, com apenas 15 anos, dando início a uma carreira que veria 1282 golos em 1372 jogos. Se olharmos apenas para jogos oficiais, o astro marcou por 762 vezes em 825 jogos, sendo a contabilização exacta dos golos de Pelé uma das discussões mais acesas na história da modalidade.
Até às 10h locais (13h em Portugal continental), o velório permaneceu aberto aos adeptos. O cortejo foi demorado, mas teve apenas uma paragem programada à porta da casa da mãe do jogador. Dona Celeste – como é conhecida – completou 100 anos e, de acordo com a irmã de Pelé, em entrevista ao site ESPN na sexta-feira, ainda não sabia da morte do filho.
"Nós conversamos, mas ela não sabe. Ela está bem, mas está no mundinho dela. Não sabe, ou sabe. Às vezes, eu falo: 'Dico está assim, mas vamos rezar por ele, né, mãe?' Às vezes ela abre o olho. Mas consciente ela não está", explicou Maria Lúcia do Nascimento, irmã de Pelé.
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, marcou presença no velório, sugerindo que todos os países do mundo baptizassem um estádio com o nome de Pelé.
Lula da Silva, que tomou posse como Presidente do Brasil no domingo, confirmou presença no funeral do jogador. "Pelé é incomparável, enquanto jogador de futebol e enquanto ser humano", afirmou o chefe de Estado, que ficou cerca de 30 minutos ao lado do caixão do jogador.
Já Neymar, capitão da selecção brasileira e jogador do Paris Saint-Germain, vai permanecer em Paris, fazendo-se representar pelo pai e empresário, Neymar da Silva Santos.
O "rei" Pelé morreu na quinta-feira, 29 de Dezembro, aos 82 anos, depois de complicações no tratamento de um cancro no cólon detectado em Setembro.