A que regras terá Georgina Rodríguez de obedecer na Arábia Saudita?
Cristiano Ronaldo e a família devem ficar a viver no Médio Oriente até 2025. Por estarem num condomínio privado, não terão de obedecer a grande parte das regras do Islamismo.
Desde que estão juntos, Cristiano Ronaldo e Georgina Rodríguez já viveram em Madrid, Turim e Manchester. Agora, acabam de se mudar para a Arábia Saudita com os cinco filhos, na sequência de o futebolista ter assinado pelo Al Nassr. A mudança é a mais drástica não só da carreira do português, como da vida da família, fruto das regras religiosas a vigorar naquele país, berço do islamismo. Como será a vida de Georgina num país onde as mulheres estão dependentes do seu guardião?
Não se sabe como a modelo espanhola terá reagido na intimidade à decisão do companheiro de se mudar para o Médio Oriente e ainda restavam dúvidas sobre se esta e os filhos acompanhariam Ronaldo. Mas a mudança foi confirmada nesta segunda-feira pela própria nas redes sociais, ao partilhar fotografias no jacto privado do futebolista.
Cristiano, Georgina e os cinco filhos ─ Cristiano Júnior, Mateo, Eva, Alana e Bella ─ são os novos residentes da Arábia Saudita, com uma vida mais facilitada do que os habitantes daquele país. Nos últimos anos, depois de se abrir ao turismo, o reino islâmico, liderado pelo sheik Mohammed bin Salman, tem-se esforçado por se modernizar e amenizar as restrições impostas às mulheres.
Segundo avançava o tablóide britânico Daily Mail, Ronaldo e a família vão viver num condomínio privado em Riad, a capital, e lá dentro as regras serão semelhantes ao Ocidente. A metrópole, diz a imprensa estrangeira, já muito se assemelha a qualquer grande cidade mundial, apesar de algumas restrições e uma forte presença religiosa — ou não fosse aquele o país onde nasceu o Islão.
A Arábia Saudita permite aos estrangeiros professarem a sua religião, desde que o façam em privado e este ano até foi permitido às lojas venderem decorações de Natal. Espera-se que Ronaldo e Georgina se mudem para o bairro de Al Muhammadiyah ou de Al Nakheel, popular entre as famílias estrangeiras graças às suas escolas internacionais.
As duas urbanizações não só têm escolas, mas também clínicas, ginásios, lojas e restaurantes. Ou seja, quase não é preciso sair para o “mundo real”. Só Ronaldo terá de se deslocar para os treinos no estádio Mrsool Park, perto dos dois bairros.
A polícia religiosa saudita não terá poder dentro dos condomínios privados e, como tal, não pode fazer os estrangeiros obedecerem às leis locais. Por exemplo, é permitido aos expatriados fazerem pequenas festas com álcool, enquanto este tipo de consumo é proibido no resto do país.
Ou seja, no fundo, Ronaldo e Georgina viverão quase como turistas na Arábia Saudita. O Portal das Comunidades Portuguesas, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, aconselha aos viajantes que “mantenham um perfil discreto” e “ajustem o seu comportamento às circunstâncias”, respeitando “escrupulosamente os costumes e usos locais”.
Por exemplo, recomenda-se que, apesar de já não ser obrigatório o uso de véu e de abaya às mulheres estrangeiras, se opte por roupa mais larga e modesta, cobrindo os ombros e os joelhos — regra que também Georgina Rodriguez terá de cumprir fora do condomínio privado. Além disso, sempre que se visitar um local religioso deverá cobrir-se a cabeça. Os homens devem igualmente evitar camisas e calções demasiado curtos.
Em sinal de respeito à religião islâmica, durante o Ramadão, os estrangeiros devem abster-se de fumar, beber e comer em público. Nos estabelecimentos comerciais e outros locais públicos é obrigatório respeitar as zonas designadas para homens e para famílias, onde se incluem as mulheres não acompanhadas.
Será certamente um choque cultural para Georgina Rodríguez e para os filhos, que nasceram e cresceram na Europa. A família deverá ficar na Arábia Saudita até 2025, até quando está previsto o contrato milionário de Cristiano Ronaldo.
E se Georgina Rodriguez fosse saudita?
Sendo estrangeira, a companheira do futebolista madeirense terá a vida facilitada. Mas o mesmo não se aplica às mulheres sauditas que, apesar de terem conquistado novos direitos nos últimos anos, continuam sujeitas a restrições no reino islâmico, sobretudo por serem dependentes de um guardião masculino.
Por exemplo, ainda precisam da autorização de um familiar do sexo masculino para se casar ou viver sozinhas. E se desobedecerem ao guardião podem ser presas. Quem casar com um estrangeiro não pode transmitir a sua cidadania aos seus filhos.
Desde 2019, as mulheres com mais de 21 anos podem obter um passaporte e viajar para o estrangeiro, além de registar nascimento, casamento ou divórcio. Também podem tornar-se guardiãs dos seus filhos.
Na teoria há permissões que continuam sem funcionar, de acordo com as organizações de direitos das mulheres, como a que diz que não é necessário consentimento de um tutor homem para aceder a serviços como educação e saúde. No que toca à justiça, as sauditas não podem entrar com uma acção por conta própria, o que dificulta a denúncia de casos de violência doméstica.
Já as liberdades do dia-a-dia continuam limitadas. Uma mulher não pode abrir uma conta num banco ou solicitar crédito sem o consentimento masculino, mas têm autorização para trabalhar sem enfrentar qualquer discriminação de género. Podem, ainda, comprar ou arrendar propriedade, apesar de ser difícil consegui-lo sem um tutor. E apesar de já terem permissão para conduzir, também é complicado conseguir uma licença por falta de escolas de condução para mulheres.