Ben Seghir é o “novo Mbappé” a surgir no Mónaco
O clube monegasco já formou várias estrelas do futebol mundial e Ben Seghir, de 17 anos, procura ser a próxima.
Foi há quase sete anos, em Fevereiro de 2016, que o Mónaco, treinado por Leonardo Jardim, venceu o Troyes por 3-1. O último golo da partida foi o primeiro da carreira de um jovem Kylian Mbappé (que já leva 254 na carreira), na altura um jovem de 17 anos.
Depois de, juntamente com o técnico português, vencer a Ligue 1 em 2017, foi para o Paris Saint-Germain, onde se estabeleceu como um dos “galácticos” do futebol mundial.
Desde cedo que Leonardo Jardim não tinha dúvidas do talento de Mbappé, como disse numa entrevista ao As, citado pelo Record: “Vi que ia ser o melhor jogador do mundo (…). Foi muito importante no campeonato que ganhámos porque tinha qualidades muito boas que fazem a diferença.”
Nessa noite de estreia para Mbappé, Eliesse Ben Seghir acabara de completar 11 anos de vida. Estava a mais de seis de, na sua estreia pelo Mónaco na Ligue 1, fazer um bis que o levou de imediato à ribalta do futebol gaulês.
Foi no passado dia 28 de Dezembro frente ao Auxerre, o jogo estava empatado ao intervalo, quando Phillippe Clément, o treinador dos monegascos, fez entrar Ben Seghir – foi a estreia do jogador na Ligue 1, depois de já ter participado em dois jogos na Liga Europa.
E após 13 minutos, Seghir finalizou uma jogada com confiança e festejou efusivamente o seu primeiro golo como profissional. O Auxerre repôs a igualdade, mas aos 85 minutos, Seghir recebeu a bola no flanco direito, flectiu para dentro, passou pelo adversário e rematou forte e colocado para dentro das redes.
Abanando a mão direita de cima para baixo, com uma cara que transbordava de felicidade, nem ele parecia acreditar no que acabara de fazer, enquanto era engolido pelos seus colegas.
“Não foi uma surpresa para mim, senão não o teria trazido ao intervalo” – assim expressou Clément a sua confiança no jovem, citado pelo jornal francês L’Equipe. Confiança essa que transpareceu no jogo seguinte do Mónaco, a 1 de Janeiro, quando Seghir foi titular na vitória por 1-0 frente ao Stade Brestois, ajudando a equipa a manter-se na luta pelo 3.º lugar do campeonato.
Segundo a Opta, frente ao Auxerre, Seghir tornou-se o jogador mais novo de sempre a bisar numa partida pelo Mónaco desde Thierry Henry, e no quinto mais novo a marcar pelo clube na liga, a seguir a Henry, Pietro Pellegri, Badishile e, claro, Mbappé.
Para além disso, bateu um recorde do campeonato francês que persistia há 75 anos, sendo agora, com 17 anos e 10 meses de vida, o jogador mais jovem de sempre a bisar na sua estreia na competição, superando a marca de Jean Deloffre (RC Lens).
“Não estou surpreso. É um jogador que não tem medo de tentar e de assumir a responsabilidade. Com esta idade, é algo impressionante” – tal como Clément, o jogador do Mónaco Malang Sarr (citado pelo site do clube) também parece concordar que esta exibição foi só o início de algo especial para Seghir.
Formação no sítio certo
A academia de formação do Mónaco pode não suscitar tanta atenção como as do Barcelona, Ajax, ou até do Benfica, mas tem um papel importante no desenvolvimento de vários jogadores.
Ainda no recente Mundial 2022, segundo um estudo do Observatório do Futebol (CIES), 16 jogadores presentes no torneio haviam jogado um total de 1019 jogos pelo Mónaco até terem 23 anos. Este é um número superior de jogos feitos por sub-23 em relação a clubes como Bayern Munique, Benfica, ou os dois emblemas de Manchester.
Apesar desta influência no futebol europeu e mundial, Mbappé foi o último grande jogador a sair do Mónaco, já há mais de cinco anos. Embora Ben Seghir ainda esteja nos primórdios da sua carreira, certamente procurará ter uma evolução semelhante ao craque do PSG, e Clément quer proporcionar o ambiente necessário para tal.
“Existem armadilhas no caminho para se tornar grande jogador (…). Não há apenas pontos positivos na estrada, mas também dificuldades virão.”
Podemos estar diante de um diamante em bruto, a forma como será lapidado contará o resto da sua história.
Texto editado por Jorge Miguel Matias