Quem (e o que) nos comoveu, inspirou e irritou em 2022
Ao longo do ano, conhecemos histórias que nos comoveram e outras que nos inspiraram. Mas também houve momentos de deixar os cabelos em pé ou do género de nos deixar sem palavras.
Saiba quem e o que nos comoveu em 2022, quem ou o que nos inspirou, quem ou que nos irritou. E também quem nos deixou sem palavras.
Quem e o que nos comoveu em 2022
Tomás e a solidariedade portuguesa
Com 11 anos, Tomás, com leucemia, recebeu um prognóstico terminal. Só que, sabendo da existência de uma hipótese de cura, os pais não se resignaram e pediram ajuda: precisavam de 350 mil euros para voltarem a integrar o filho num ensaio com CAR-T Cells, com o marcador CLL-1, e avançarem para o transplante de medula óssea em Israel (uma irmã de Tomás é 100% compatível). Em apenas quatro dias tinham cumprido o objectivo. Agora, imparcialidades jornalísticas à parte e numa altura em que o Tomás já iniciou o tratamento, num hospital em Beijing, China, estamos a torcer para que tudo corra bem.
Nick Cave, um guia no luto
Há sete anos, Nick Cave perdeu um filho, Arthur. Agora, após a morte de outro filho, Jethro, que diz estar a “tentar processar”, o músico oferece reflexões de esperança em forma de livro. E recebe cartas de pais enlutados. Uma foi da portuguesa Paula Lebre, cuja filha, Beatriz, foi assassinada, aos 23 anos, por um colega do mestrado em Maio de 2020. E, em Portugal, no festival de música Kalorama, que nos primeiros dias de Setembro ocupou o Parque da Bela Vista, em Lisboa, Nick Cave cantou Into my arms para Beatriz.
“Esta canção é dedicada a Beatriz Lebre. Recebi uma carta muito bonita, no [blogue] The Red Hand Files, da sua mãe. Ela disse na carta que esta é uma canção que ela amava muito.”
O “gentil e doce” Bruce Willis
Galã sarcástico em Modelo e Detective ou herói incansável na saga Die Hard, Bruce Willis convenceu-nos que era invencível. Mas, um diagnóstico de afasia, “que está a afectar as suas capacidades cognitivas”, levou a família a emitir um comunicado a informar que Willis não voltaria aos ecrãs. Rob Gough, que contracenou com Willis em American Siege, filme de 2021 que não estreou nas salas nacionais, descreveu o actor como uma pessoa “gentil e doce”.
Uma reunião familiar
Em 1947, a partição da Índia Britânica separou quatro irmãos. Mumtaz Bibi não tinha ainda 3 anos quando o destino, e uma difícil cisão do território da Índia Britânica, a separou dos três irmãos. Em 2022, 75 anos depois, a família voltou a reunir-se através do corredor de Kartarpur, uma ligação terrestre que permite a circulação de peregrinos sikhs indianos que queiram visitar um importante templo no Paquistão e que não requer vistos.
A voz de Ángela Álvarez
Aos 95 anos, a cubana provou-nos que “nunca é tarde demais” ao vencer um Grammy Latino de Melhor Artista Nova. Uma história de resiliência com muita música à mistura.
A espontaneidade de Louis
O filho mais novo do príncipe William e de Kate Middleton tem apenas 4 anos, mas consegue ser uma das figuras mais acarinhadas pelos ingleses. Com a espontaneidade própria da idade, o príncipe, quarto na linha de sucessão ao trono, roubou as atenções à bisavó Isabel II durante o Jubileu de Platina com as caretas de desconforto à passagem dos aviões e, durante o passeio natalício, derreteu corações ao oferecer um ramo de flores à irmã, a princesa Charlotte.
Quem e o que nos inspirou em 2022
Aquiles de Brito, o empreendedor
Aquiles de Brito tinha 22 anos quando, em 1994, comprou ao resto da família uma empresa à beira da falência. Aos 50, voltou ao início do ciclo e resgatou a Ach. Brito a um fundo do Novo Banco, gerido pela Haitong Global Asset Management. “É com muito orgulho que anunciamos que a Ach. Brito volta a ser integralmente detida pela família que lhe deu origem e emprestou o nome.”
Tony Miranda, o defensor da moda simples
Foi em Paris que Tony Miranda, natural de Torrados, perto de Felgueiras, fez carreira na alta-costura. Hoje, aos 74 anos, vive em Portugal, mas trabalha para clientes estrangeiros “desde que se levanta até que se deita”. E diz que alta-costura é simplicidade. “Faz-se muita roupa para espectáculo. Mas a verdadeira alta-costura é uma peça simples.”
Diana Pereira, a batalhadora
Capa da edição de Inverno da revista Ímpar, Diana Pereira começou na moda, pela qual continua a dar a cara, mas percebeu que não só gostava como tinha jeito para os automóveis, acabando por ser convidada para a equipa oficial de ralis da Peugeot. “É preciso lutar e batalhar pelo que se quer. Ninguém faz isso por nós.”
Ivan Almeida, o activista
Em Junho, o basquetebolista do Benfica viu-se envolvido num episódio de insultos por parte dos adeptos do Porto, que acusou de atitudes racistas. Dias depois de outro clássico, o extremo luso-cabo-verdiano, numa entrevista à Lusa, assumiu a luta contra o racismo e destacou a importância de “dar voz às pessoas que não conseguem falar”.
Fernando Rocha, o elegante
O humorista português aceitou o desafio da Men’s Health e perdeu 34 quilos, 24,2 dos quais de massa gorda, tendo ganhado “saúde, auto-estima e o privilégio de conhecer pessoas incríveis”, as quais, assevera numa emotiva publicação nas redes sociais, pretende levar consigo “para o resto da vida”.
Dolly Parton, a benfeitora
Depois de ter ajudado a financiar a vacina da Moderna, a artista de música country Dolly Parton não parou de se envolver em causas sociais. O seu activismo e generosidade foram reconhecidos pelo Prémio Bezos Coragem e Civismo, atribuído pelo fundador da Amazon, Jeff Bezos. Parton recebeu cem milhões de dólares para investir nas suas causas.
Jamie Lee Curtis, a livre
Aos 63 anos, Jamie Lee Curtis desistiu de encolher a barriga. “Decidi relaxar e libertar todos os músculos que tinha e que costumava contrair para esconder a realidade. Nunca me senti tão livre”, escreveu a actriz no Instagram em vésperas da estreia do seu novo filme no festival South by Southwest.
Wayne Rainey, o sonhador
O motociclista norte-americano Wayne Rainey, tricampeão de MotoGP, ficou paraplégico há 30 anos, na sequência de um acidente em Itália. Mas nunca deixou de sonhar com as duas rodas. Em 2022, o sonho tornou-se realidade com uma Yamaha YZR500, a mesma que lhe angariou o pódio em 1992, adaptada. “Sentia-a como uma velha amiga”, disse Rainey, depois da exibição no Festival de Velocidade de Goodwood.
Iris Apfel, diva centenária
Aos 101, Iris Apfel continua a dar cartas na moda. E, no início do ano, mostrou que ainda tem muito para dar, ao assinar uma colecção para a H&M, que, além de ter rapidamente esgotado, chegou ao pequeno ecrã através da série da Netflix Emily em Paris.
Hazel McCallion, o furacão
A mulher, que dividiu a sua longa vida entre o empreendedorismo e a causa pública, viu o seu contrato como presidente do Conselho de Administração da Grande Autoridade Aeroportuária de Toronto, que gere o Pearson, renovado por mais três anos. Detalhe: tem 101 anos.
Rihanna, a solidária
A cantora Rihanna foi jantar com um grupo de amigas ao Caviar Russe, em Nova Iorque, levando o espaço a permanecer aberto até às 2h, quatro horas após o seu horário habitual de encerramento. No final, arregaçou as mangas e ajudou a limpar e a arrumar, num profundo respeito por quem se viu obrigado a trabalhar horas a mais.
Quem ou o que nos irritou em 2022
André
Acusado de ter abusado sexualmente de uma menor e com o seu nome envolvido com Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell (o primeiro morreu na prisão, acusado de tráfico sexual de menores; a segunda está a cumprir pena de prisão pelo seu envolvimento), o príncipe viu-se despojado dos seus títulos e patrocínios. Acabaria por se poupar a um julgamento por via de um acordo, mas continua a alegar inocência. Ao longo do ano, fez várias tentativas de voltar à ribalta, apoiando-se na mãe, Isabel II. A morte da monarca poderá pôr fim às suas investidas.
Harry e Meghan
Já lá vão quase três anos desde que Harry e Meghan decidiram seguir as suas vidas, longe dos deveres reais e dos holofotes. Mas, desde então, têm sido incansáveis na mediatização das suas vidas. E, embora toquem em assuntos que devem ser levados a sério, como o vil comportamento dos tablóides britânicos, a perpetuação do racismo na sociedade ou a falta de sensibilidade para as questões de saúde mental, o seu discurso de vitimização e de como “seríamos tão melhores do que todos os outros” acusa cansaço.
Regina Duarte
O namoro entre o Brasil e Regina Duarte parecia já ter terminado há muito, mas a actriz ainda conseguiria surpreender uma larga fatia de gente, do lado de lá e de cá do Atlântico, ao propor que os comerciantes eleitores de Lula colassem estrelas nas montras. Uma instituição judaica repudiou a publicação da actriz com alusão a prática nazi.
Tablóides britânicos
Já era conhecido o papel dos tablóides (e até da BBC) na sociedade inglesa. Mas, depois da série documental Harry & Meghan, torna-se ainda mais evidente como a imprensa pode ser usada para destruir pessoas. Não gostamos.
E quem nos deixou sem palavras
Thiago Rodrigues
Primeiro, tinha sido espancado. Depois, acrescentou-se que lhe tinha sido arrancado um pedaço de couro cabeludo num assalto. No fim, a polícia concluiu que o actor caiu sozinho.
Nélida Piñon
A escritora brasileira Nélida Piñon morreu, aos 85 anos, no hospital CUF Descobertas, em Lisboa, e deixou todos os seus imóveis às suas cadelas, Suzy e Pilara. Os dois animais, uma pinscher, de 13 anos, e uma chihuahua, de 3, são donos dos quatro apartamentos que a ex-presidente da Academia Brasileira de Letras detinha no mesmo prédio, um edifício de luxo à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona Sul do Rio de Janeiro.
Amber Heard
A actriz de Aquaman apresentou-se em tribunal como vítima de violência doméstica, mas acabou por não convencer toda a gente da veracidade das suas palavras, inclusive o júri. E, pelo caminho, foi acusada por meio mundo de, ao mentir, ter contribuído para que as vítimas não sejam levadas a sério. Por outro lado, deixou outro meio irritado por, apesar de dizer a verdade, não ter sido levada a sério.
Johnny Depp
Foi a tribunal acusar a mulher de difamação por esta ter dito que tinha sido vítima de violência doméstica. E ganhou. Mas, para tal, e sabendo estar em directo para todo o mundo, transformou o tribunal numa sala de espectáculos – houve quem gostasse e o defendesse, mas também quem declare que o actor perpetua a imagem de impunidade dos agressores.