Steven Tyler, dos Aerosmith, acusado de agressão sexual

O caso remonta aos anos 1970 e é público, foi mencionado em revistas na altura e no livro de memórias do cantor editado em 2011.

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Steven Tyler foi acusado de abuso sexual por factos que remontam à década de 1970 EPA/NILS MEILVANG

Steven Tyler, o vocalista da banda de rock cinquentenária Aerosmith e ex-jurado de American Idol, está a ser processado por abuso e agressão sexual, além de imposição intencional de sofrimento emocional, por uma mulher que era menor quando teve uma relação com ele nos anos 1970. O processo decorre na Califórnia, que em 2019 apresentou legislação para acabar com prescrição neste tipo de casos, dando três anos para sobreviventes de abusos em crianças para fazerem alegações. Esse período acaba este sábado.

Segundo a revista Rolling Stone, que teve acesso ao processo, Julia Holcomb alega que teve uma relação com Tyler entre 1973, quando esta tinha apenas 16 anos, e 1976 e que não teve "poder para resistir" a Tyler, que tinha "poder, fama e uma substancial capacidade financeira", tendo-a "coagido e persuadido" de que isto era um "caso romântico". No processo, o nome de Tyler não é mencionado directamente, mas citam-se partes do seu livro de memórias de 2011, Does the Noise in My Head Bother You?, que falam nela.

O processo não vem do nada. Holcomb, que entretanto se tornou numa católica devota e activista pró-vida, fala há vários anos da ligação com Tyler como algo negativo, e acusa-o de ter abusado dela logo na primeira noite em que se conheceram. A relação entre os dois era pública e está documentada: foi mencionada na mesma Rolling Stone que agora noticiou o processo em 1976, e a revista People publicou fotografias de Tyler e Holcomb juntos. Isto além de ser detalhada numa biografia dos Aerosmith e no livro de Tyler, onde este, sem mencionar o nome dela, mas refere quase ter tido uma "noiva adolescente" que conheceu no meio de um grupo de groupies novas após um concerto. "Os pais dela apaixonaram-se por mim, assinaram um papel para eu ter custódia [dela], com vista a eu não ser preso se a transportasse para fora do estado. Levei-a em digressão comigo", escreve, adicionando que depois da digressão, viveram juntos em Boston e eram "melhores amigos". Depois de um incêndio no apartamento de ambos, ele terminou a relação, "libertando-a".

O incêndio mencionado no livro de Tyler levou-o a forçá-la a fazer um aborto aos 17 anos, com a justificação de que ela era demasiado nova e com medo de que o filho de ambos saísse com problemas no cérebro – algo que o médico dela terá negado poder acontecer. Holcomb já escreveu sobre o assunto em sites de extrema-direita e anti-aborto, foi convidada do programa de Tucker Carlson e ainda fez parte de um documentário sobre abusos sexuais na música.

No livro, Tyler descreve-a como tendo "16 anos" (ele tinha 26), saber ser "indecente" e não ter "um único cabelo" na vagina. Cita ainda parte da letra de Sweet Emotion como sendo acerca dela. Há ainda um episódio num elevador em que ambos foram interrompidos por uma família amish que lhe pediu um autógrafo – o que poderá ser uma inspiração para Love in an Elevator. O cantor não respondeu aos contactos da Rolling Stone.

A década de 1970 teve vários casos famosos destes. Nessa altura, por exemplo, Jimmy Page, guitarrista dos Led Zeppelin, teve uma relação com a groupie Lori Mattix. Ela tinha 13. Ele 28. Ou Sable Starr, que tinha 13 anos quando dormiu com um Iggy Pop, com 23 anos, que escreveu uma canção sobre ela.

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