As luzes apagam-se. Somos engolidos pela escuridão. Nos headphones, a voz de Ricardo Carriço ecoa convidando-nos a entrar nesta experiência. “Bem-vindos ao Misterioso Egipto. Juntem-se a nós nesta viagem e venham descobrir os segredos mais bem guardados desta civilização”, ouve-se, enquanto uma explosão de partículas de areia surge do chão e sobe ao longo dos quatro metros de parede das caves da Alfândega do Porto. A viagem começou. Os segredos “mais bem guardados pelas areias do Egipto” são revelados.
Esta experiência imersiva permite estar “totalmente dentro das projecções e olhar a toda a volta, tecto e chão. Tem vários efeitos e leva-nos no tempo até ao auge da grande civilização egípcia”, diz Nuno Maya, director artístico do ateliê OCUBO e do espectáculo.
De headphones postos, a narração começa a ouvir-se e guia-nos pelo espectáculo juntamente com as projecções. Estas diferem de zona para zona, mas todas se encaixam e incorporam o espaço, dando a sensação de que estão a sair das paredes e vêm na nossa direcção. De repente, somos envolvidos numa explosão de partículas que surgem de todos os lados: chovem do tecto, brotam do chão e avançam pelas paredes. O público observa tudo atentamente. Uns sentados, outros a caminhar pelo percurso. “Esta experiência permite andar e olhar de vários ângulos. Permite-nos sermos transportados para os locais que estão a ser apresentados e entender a beleza deles”, diz Maya.
De acordo com o criativo, a narrativa divide-se em quatro momentos. Inicia-se com uma “tempestade de areia que nos leva até ao passado de uma forma mágica”, onde nos vamos pôr no papel de um egiptólogo, conhecer a história da civilização e dos seus deuses, “procurar e viver a emoção que sentiam quando estavam nas escavações, quando estavam à procura daquilo que é a civilização egípcia.”
Seguem-se os templos, com referência à “pirâmide da sociedade egípcia e a generalização do termo pirâmide.” Ainda nesta fase, passamos pela “magia e pelo fascínio dos faraós” e por “outros grandes templos egípcios”. No momento seguinte, somos transportados até ao tempo de Cleópatra, onde conhecemos a história da última governante do reino Ptolemaico do Egipto.
O espectáculo termina com o “famoso Faraó Tutankhamon”, por ser o ano em que se celebra o centenário da sua descoberta. Este momento do espectáculo é dedicado “ao sarcófago, ao tesouro e ao acto místico que existe à volta de Tutankhamon”, refere o director artístico.
Ao todo, conta-nos Nuno Maya, a experiência imersiva forma-se com a ajuda de mais de 50 projectores, telas lisas e telas holográficas que permitem criar uma sensação a 360 graus. A Alfândega foi o lugar ideal também por causa de um certo paralelismo: tal como as pirâmides à beira do Nilo, também esta visita subterrânea é feita na margem de um rio, no caso, claro, o Douro.
Quando a cortina para a experiência se abre, somos recebidos por peças cedidas pela embaixada do Egipto em Portugal, assim como por duas instalações interactivas. A primeira, criada exclusivamente para a actividade no Porto, "Silhuetas de areia", possibilita a cada pessoa, no espaço designado para tal, conseguir criar uma “tempestade de areia digital mágica e dar vida à paisagem árida do antigo Egipto com o próprio corpo”, lê-se. A segunda, "A Máscara de Tutankhamon", permite a cada um criar o próprio retrato de Tutankhamon e projectá-lo numa experiência que “combina inteligência artificial e arte digital com a criatividade" de cada um.