No meio da natureza, ele vive há 51 anos sem electricidade e nem pensa nos custos da energia

Fabrizio Cardinali vive de forma completamente autónoma há 51 anos, nas colinas de Verdicchio, em Itália. É uma das poucas pessoas na Europa despreocupadas com o aumento dos custos de energia.

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Fabrizio Cardinali Reuters/YARA NARDI
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Fabrizio Cardinali Reuters/YARA NARDI
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Fabrizio Cardinali Reuters/YARA NARDI

Fabrizio Cardinali, 72 anos, não deseja as luzes brilhantes da cidade. Na realidade, não tem qualquer utilidade para a electricidade e há mais de meio século que vive sem estar ligado à rede.

Isto faz dele uma das poucas pessoas na Europa despreocupadas com o aumento dos custos de energia, neste Inverno.

Cardinali, cuja longa barba branca o faz parecer Karl Marx, o poeta Walt Whitman ou um Pai Natal magro, vive numa casa de pedra nas colinas da região vinícola de Verdicchio, perto de Ancona, na costa oriental do Adriático italiano.

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Fabrizio Cardinali, 72 anos, sentado na cozinha REUTERS/YARA NARDI
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Fabrizio Cardinali na cozinha REUTERS/YARA NARDI

Por opção, não tem electricidade, nem gás, nem canalização interior.

"Não estava interessado em fazer parte do mundo como estava. Então, deixei tudo — família, universidade, amigos, a equipa de desporto e parti numa direcção completamente diferente", diz, sentado na cozinha a usar calças de bombazina remendadas. "Desistir de algo não é masoquista. Tu desistes de alguma coisa para conseguir outra mais importante."

Antes, vivia completamente sozinho.

Agora, Fabrizio tem dois companheiros de casa, um galo, três galinhas e um gato numa comunidade a que chama "A Tribo das Nozes Harmoniosas".

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Cardinali apanha azeitonas REUTERS/Yara Nardi

Os visitantes que procuram Cardinali e os seus amigos são aconselhados pelos habitantes da cidade mais próxima a seguirem o estreito caminho de terra que começa ao lado de um carvalho que hasteia uma bandeira de paz multicolorida.

Cardinali e os companheiros de casa, que apenas disseram chamar-se Agnese e Andrea, contam com um fogão a lenha para cozinharem e se aquecerem, e lêem com a ajuda de lâmpadas alimentadas a óleo de cozinha usado doado pelos vizinhos.

"Sinto-me privilegiada por ter a liberdade para escolher a minha liberdade", diz Agnese, 35 anos, que se mudou para ali há dois anos. Andrea, 46 anos, passa lá a semana, mas regressa a Macerata, a cerca de 50 quilómetros de distância, todos os fins-de-semana, para tomar conta da mãe.

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Agnese prepara o almoço na cozinha de madeira REUTERS/Yara Nardi
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Agnese, 35, Andrea, 46, e Cardinali almoçam juntos REUTERS/Yara Nardi

As "nozes harmoniosas" cultivam frutas e legumes, azeitonas para azeite, e abelhas para o mel. Uma cooperativa local vende-lhes sacos de leguminosas, cereais e trigo, que moem para fazer o seu próprio pão.

Quando é possível, trocam qualquer produção excedentária por tudo o que precisam.

Embora algumas pessoas o tenham apelidado de "o Eremita de Cupramontana", Cardinali diz que não é um eremita. Em vez disso, acredita que a vida é melhor vivida em pequenas comunidades.

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Cardinali quando fazia parte dos Carabiniere (polícia paramilitar) REUTERS/Yara Nardi

O primeiro conselho que dá a qualquer pessoa tentada a seguir o seu exemplo é: "Deitar fora o chamado telemóvel inteligente".

Cardinali percorre ocasionalmente curtas distâncias para visitar amigos, levar azeitonas a um lagar de pedra para produzir azeite e caminhar ou apanhar boleia até à cidade mais próxima para tomar um café com os habitantes locais ou visitar o médico.

"Vivo desta forma há cerca de 51 anos e nunca me arrependi. Com certeza, houve dificuldades, mas nunca me fizeram pensar que tinha feito a escolha errada ou deitado tudo a perder", diz. " De forma alguma."

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Agnese faz massa para pão REUTERS/Yara Nardi
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