Circo
No circo-teatro do Coliseu do Porto, uma companhia em fuga encontra pouso
O circo do Coliseu do Porto tem sessões até 8 de Janeiro, com serviços de audiodescrição e de língua gestual portuguesa.
Talvez seja assim um circo liderado por um palhaço, pensamos. Ali, ninguém parece levar-se muito a sério apesar dos truques bem sérios que, à vez, apresentam na conhecida pista circular do Coliseu do Porto, agora um “deserto cyberpunk” prestes a ser agitado por uma companhia de circo.
A história (que no circo-teatro também as há) é um piscar de olho à fábula Os Gigantes da Montanha, de Pirandello, e um aceno vigoroso, de corpo inteiro (independentemente do corpo que seja e com grande probabilidade de estar de cabeça para baixo), ao papel central da arte e da festa na construção de uma comunidade ou de um lugar, apresenta-o Rui Paixão, ex-Cirque du Soleil. É ele o palhaço-vilão encarregado da direcção artística do espectáculo que, até 8 de Janeiro, de quarta-feira a domingo, com sessões com serviços de língua gestual portuguesa e audiodescrição, junta suspensão capilar, ilusionismo, diábolos, malabarismo, roda cyr ou rolla bolla ao som da Banda da Festa do Circo, sentada nos camarotes – e onde os únicos animais que aparecem são uma víbora de peluche e um dragão chinês.
O cabaretier foi substituído por um narrador, o actor Paulo Azevedo, que introduz os artistas de seis países, depois de dois anos em que a pandemia de covid-19 dificultou a contratação de artistas circenses internacionais (mas não parou o circo de Natal, que faz 81 anos em 2022). “Um circo põe-se em pé num instante, onde quer que se esteja”, diz, depois, de um homem (Dmitry Alexandrov) de cabeça rapada e saia comprida parar de girar um cubo que, no ar, se torna um objecto de formas fluidas. Este parece, pelo menos, ter um pouso bem marcado.