2022 voltou a ser um annus horribilis para os Windsor

A rainha morreu, o príncipe André não se livrou da suspeita de ter abusado de uma jovem menor depois de ter assinado um acordo com quem o acusava, Harry e Meghan declararam guerra à instituição.

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Milhares choraram a morte da rainha em Setembro REUTERS/Sarah Meyssonnier
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O príncipe André perdeu todas as suas patentes militares em Janeiro EPA/JULIEN WARNAND
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O dia em que Isabel II assinalou 70 anos de reinado - 6 de Fevereiro de 2022 Reuters/POOL
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Camila recebeu a bênção de Isabel II para ser rainha consorte: “E quando, na plenitude dos tempos, o meu filho Carlos se tornar rei, sei que [o povo britânico] dará a ele e à sua mulher Camila o mesmo apoio que me deu; e é o meu desejo sincero que, quando esse tempo chegar, Camila seja conhecida como rainha consorte.” Reuters/HENRY NICHOLLS
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Em Junho, a família mais próxima juntou-se à rainha na varanda do Palácio de Buckingham Reuters/HANNAH MCKAY
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O último acto oficial de Isabel II foi dar posse ao seu 15º primeiro-ministro. A monarca recebeu Liz Truss em Balmoral a 6 de Setembro EPA/Jane Barlow / POOL
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Meghan Markle e Harry denunciam numa série da Netflix a oposição que afirmam sempre ter tido por parte da família Reuters/TOBY MELVILLE

Três divórcios, dois funerais e um incêndio, entre outras peripécias, levaram a rainha Isabel II a proferir uma declaração em que considerou 1992 como annus horribilis (ano horrível, em latim). Mas, desde então, o clã não tem tido muitos anos serenos. E, aquele que ficou marcado pela morte da monarca, depois de assinalar 70 anos no trono, não foi diferente. De Janeiro a Dezembro, uma cronologia de contratempos.

Janeiro: André e Harry, os indesejados

O ano não arrancou com o pé direito para a família real britânica. O príncipe André viu-se forçado a devolver as suas patentes militares e patrocínios reais à rainha Isabel II, depois de os seus advogados não terem conseguido persuadir um juiz dos EUA a arquivar um processo civil que o acusava de abuso sexual de uma jovem de 17 anos. Já Harry mostrou que não estava disposto a desistir de ter o mesmo género de segurança que usufruem outros membros seniores da família, um direito que lhe foi retirado após o duque de Sussex ter decidido virar as costas às obrigações reais. “Na ausência de tal protecção, o príncipe Harry e a sua família não podem voltar para sua casa”, informou-se num comunicado, dando conta que o filho mais novo de Carlos estava disposto a pagar pela segurança pública.

Fevereiro: festa assombrada pela suspeita

O mês começou com o Reino Unido e todas as nações da Commonwealth em festa: no dia 6, assinalaram-se 70 anos sobre a chegada ao trono de Isabel II e a monarca fez saber a sua vontade de que um dia Camila, a segunda mulher de Carlos, viesse a ser rainha consorte. Mas depressa o tom mudaria.

Uma semana depois, o príncipe André chegou a acordo com Virginia Giuffre no caso de abusos sexuais, com o pagamento de uma indemnização à advogada norte-americana, cujo valor permanece confidencial. André nunca admitiu nenhuma das acusações feitas pela queixosa, mas o facto de ter chegado a acordo deixou a suspeita de que teria algo a esconder.

Março: a Primavera trouxe o fantasma do colonialismo

A viagem do príncipe William com a mulher, Kate, às Caraíbas era encarada com optimismo. Mas o sangrento passado do colonialismo britânico viria a ofuscar a tournée real. Sobretudo depois de o casal ter assistido a uma parada militar de pé dentro de um descapotável, o que trouxe à memória a imagem da rainha Isabel II nos anos 50 do século passado, ou cumprimentando as crianças jamaicanas através de cercas de arame.

Os protestos subiram de tom, alguns percursos tiveram de ser alterados e William não pôde fugir à questão. Depois de ter proferido um discurso em que declarou que “a escravatura foi abominável” e que “nunca deveria ter acontecido”, defendeu que “no Belize, Jamaica e Bahamas, cabe ao povo decidir o futuro”.

Abril: os 96 anos de Isabel II

A rainha fez 96 anos, no dia 21, e, mais uma vez, o ambiente foi de festa. Dias antes recebeu uma visita inesperada: Harry e Meghan viajaram até ao Reino Unido pela primeira vez em dois anos.

Maio: o recorde e a ausência

A rainha de Inglaterra ultrapassou, no dia 9 de Maio, João II do Liechtenstein em tempo de reinado, com 70 anos e 92 dias no trono, passando a ocupar o terceiro lugar da lista dos monarcas que mais tempo carregaram a coroa. À sua frente, estava apenas Bhumibol Adulyadej, da Tailândia, que ultrapassou em Junho, e Luís XIV, o “​Rei-Sol”​, que esteve à frente dos destinos da França ao longo de 72 anos e 110 dias. No entanto, o estado de saúde da monarca voltou a ser motivo de preocupação quando não compareceu à abertura do Parlamento. O momento solene foi assumido pelos dois herdeiros mais próximos da coroa: o filho Carlos e o neto William.

Junho: mês de Jubileu

Foi a 2 de Junho de 1953, quase um ano e meio depois de já ser rainha, que Isabel foi coroada na Abadia de Westminster, sendo essa a data da celebração do reinado, em 2022, com um jubileu de platina. A família reuniu-se em Londres, mas na varanda apenas marcaram presença os seus sucessores mais directos: Carlos e Camila, William e Kate, além dos três filhos dos duques de Cambridge, George, Charlotte e Louis.

Ao longo de quatro dias, o país celebrou com paradas militares, um serviço religioso, festas de rua e até um concerto pop nos arredores do Palácio de Buckingham.

Julho: os donativos suspeitos

A notícia caiu como uma bomba: o príncipe Carlos, herdeiro do trono inglês, teria recebido da família Bin Laden um donativo de um milhão de libras (cerca de 1,2 milhões de euros) para a sua instituição de beneficência, revelou o jornal britânico The Times. A doação somava-se a outra que tinha feito soar o alarme: três milhões de euros, em dinheiro, do xeque Hamad bin Jassim do Qatar, ex-primeiro-ministro daquele país do Golfo Pérsico.

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Reuters

Agosto: 25 anos sem Diana

A princesa do povo morreu a 31 de Agosto de 1997. E o 25.º aniversário não foi esquecido. Na altura, o príncipe Harry voltou a confessar que desejava que os filhos, Archie e Lilibet Diana, tivessem conhecido a avó. O filho mais novo de Lady Di e Carlos disse esperar que o dia em que se assinalaria o aniversário da morte da mãe fosse repleto de memórias e amor.

Setembro: a rainha morreu, viva o rei!

Ainda deu posse à primeira-ministra Liz Truss (que não demoraria a abandonar o número 10 de Downing Street), mas, nessa mesma semana, um boletim com informação sobre a sua saúde antecipava o pior. A rainha morreu, no dia 8, no Castelo de Balmoral. Carlos foi proclamado rei, tendo escolhido o nome Carlos III.

Milhões em todo o mundo assistiram a um dos mais longos serviços fúnebres, que reuniu chefes de Estado de toda a parte, com o funeral a realizar-se, no dia 17, em Windsor, entre flores, cartas e lágrimas.

Outubro: as memórias de Harry

Poderia ter sido um mês calmo para a família real. Mas a notícia de que as memórias do príncipe Harry vão ser mesmo publicadas estremeceu o Palácio de Buckingham. O livro do duque de Sussex intitula-se Na Sombra, será publicado em 16 línguas em simultâneo, a 10 de Janeiro de 2023, e promete “uma honestidade crua e inabalável”.

Novembro: ovos e racismo

Durante um compromisso do rei Carlos III e da rainha consorte Camila no Norte de Inglaterra, um homem atirou ovos e gritou: “este país foi construído sobre o sangue dos escravos” e “não é o meu rei”.

No fim do mês, a vergonha invadiu Buckingham, depois de Ngozi Fulani, directora da instituição de solidariedade social Sistah Space, no leste de Londres, ter denunciado uma conversa com a madrinha de William, lady Susan Hussey, de 83 anos, que insistia em perguntar à mulher, negra, “de que parte de África” era.

Dezembro: Harry e Meghan declaram guerra à família real

Prometiam não poupar ninguém e cumpriram. A série documental da Netflix que tem os duques de Sussex como protagonistas atira em todas as direcções e, embora não tenha quase nada que já são se soubesse, parece constituir uma declaração de guerra à restante família real, sobretudo a William, retratado como um dos vilões da história. No entanto, é bem provável que tanto Harry como Meghan não saiam tão bem no retrato como gostariam.

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