Santuário para elefantes em cativeiro projectado para Alandroal e Vila Viçosa
Os promotores pretendem que o parque acolha elefantes “não só em fim de vida”, mas também animais em “famílias ou com juvenis” que estão em cativeiro, nomeadamente em circos.
Um santuário de elefantes, destinado a animais que vivem em cativeiro na Europa, está projectado para terrenos situados nos concelhos de Alandroal e Vila Viçosa, no distrito de Évora, revelaram nesta quinta-feira os presidentes destas duas câmaras municipais.
Em declarações à agência Lusa, o autarca de Vila Viçosa, Inácio Esperança, indicou que o projecto lhe foi apresentado em Novembro passado pelos promotores e que, na mesma altura, foi entregue no município um Pedido de Informação Prévia (PIP).
"Dissemos que o projecto tinha interesse e que, da nossa parte, tinham toda a colaboração possível para implementar esta ideia aqui", adiantou, referindo que a iniciativa "está agora a seguir os trâmites normais".
Também em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal do Alandroal, João Grilo, revelou que já se reuniu com os responsáveis do "fundo e associação" promotores do projecto e realçou que "estão a tentar encontrar um local que seja adequado ao investimento".
"Acho que consideraram três propriedades, uma no concelho do Alandroal e duas no de Vila Viçosa, que, no conjunto, darão resposta ao que pretendem, e estão agora a reunir todos os licenciamentos necessários para um projecto deste tipo", frisou.
Segundo o autarca de Vila Viçosa, as três propriedades para onde está projectado o santuário de elefantes têm uma área de cerca de 400 hectares, repartida em partes iguais pelas áreas territoriais dos dois concelhos.
Assinalando que o terreno "poderá acolher até 24 elefantes", o presidente deste município disse desconhecer, para já, o valor estimado do investimento e as datas previstas para o início da instalação do parque e inauguração.
"Disseram que tinham muito interesse em desenvolver o projecto rapidamente", mas o avanço "também depende de pareceres externos e não apenas dos pareceres das câmaras, nem da intenção dos promotores", sublinhou Inácio Esperança.
O autarca do Alandroal precisou que o município apenas fará o licenciamento "depois de pareceres favoráveis de outras entidades, como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo".
"E, sendo um parque com características muito especiais, terá de ter também um enquadramento, que está a ser desenhado", acrescentou.
Admitindo que vê a iniciativa "com muito bons olhos", João Grilo disse esperar que o projecto, além da componente de conservação, tenha outros elementos de "ligação ao território que o ajudem também no seu processo de crescimento".
De acordo com o presidente deste município, os promotores pretendem que o futuro parque acolha elefantes "não só em fim de vida", mas também animais em "famílias ou com juvenis" que estão em cativeiro, nomeadamente em circos e em outras situações, numa altura em as "legislações estão a evoluir no sentido de proibir" essas actividades.
"Como sempre viveram em cativeiro, não têm condições para viverem na natureza em África, nem seria economicamente sustentável ou viável levá-los para lá. Portanto, a criação de um santuário na Europa que acolha estes animais faz todo o sentido do ponto de vista da conservação", considerou.
Tal como o seu homólogo do Alandroal, o presidente da Câmara de Vila Viçosa elogiou o projecto "na perspectiva de preservação das espécies" e devido ao contributo que pode dar para o desenvolvimento da região.
"Além de postos de trabalho" para a fase de construção e, depois, durante a operação, o futuro parque "vai trazer investimento para o concelho e tem outras componentes, como a turística, que podem ser importantes", concluiu.