Eurodeputada do PS terá apoiado o financiamento da ONG envolvida no “Qatargate” pelo PE

Isabel Santos apoiou alegadamente, enquanto eurodeputada, o financiamento da Fight Impunity, ONG envolvida no esquema de corrupção Qatargate, por parte do PE, quando era membro dessa ONG.

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Isabel Santos é eurodeputada pelo PS e já foi deputada na Assembleia da República ANTÓNIO COTRIM

A eurodeputada do PS Isabel Santos apoiou alegadamente um pedido de financiamento ao Parlamento Europeu (PE) para um projecto-piloto da organização não-governamental (ONG) Fight Impunity envolvida no esquema de corrupção "Qatargate", quando fazia parte desta entidade enquanto membro do conselho honorário, de acordo com a imprensa belga. A socialista afirma que este projecto-piloto foi apresentado pelo próprio Parlamento e que cabe ao mesmo "checar as instituições".

Segundo noticiou o jornal Le Soir na semana passada, Isabel Santos e outra eurodeputada belga do grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), Marie Arena, terão apoiado o financiamento de um projecto-piloto desta ONG junto do comité dos Negócios Estrangeiros do PE. O pagamento, de 175 mil euros, acabou por ser aprovado e uma primeira tranche de 43.750 euros terá sido paga a 23 de Fevereiro de 2021 — ano e meio depois da criação da ONG —, um valor que "não é evidente" que seja atribuído até a entidades "bem estabelecidas", segundo uma fonte não identificada do jornal.

Instada pelo jornal i a comentar este possível conflito de interesses, Isabel Santos afirmou que não foi a ONG que apresentou um pedido de financiamento ao PE, mas sim o próprio Parlamento que apresentou o projecto e que, quando este financia um projecto, "cabe-lhe a ele checar as instituições”. A eurodeputada referiu ainda que, "se alguma vez esse subsídio foi atribuído, essa gestão é feita pela Comissão [Europeia] e não pelo Parlamento".

A socialista também afirmou desconhecer que a ONG não estava registada no Registo de Transparência. “Eu desconhecia que a instituição não estava no registo. Era uma instituição que eu via participar na Comissão de Direitos Humanos, a organizar actividades no PE e tudo isso me fazia pensar que era uma instituição que estava devidamente escrutinada”, disse.

Apesar das suspeitas agora levantadas pela imprensa belga, Isabel Santos pediu a renúncia da ONG no mesmo dia em que Eva Kaili, ex-vice-presidente do PE, foi detida e acusada pelo seu envolvimento no "Qatargate", uma decisão que, segundo declarou ao PÚBLICO, tomou "chocada e surpreendida".

Foram também acusados o marido da ex-eurodeputada e assessor do PE, Francesco Georgi, e o ex-eurodeputado socialista Pier Antonio Panzeri, líder e fundador da Fight Impunity, por crimes de pertença a organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. No fundo, por estarem envolvidos num esquema de subornos por parte do Governo do Qatar em troca de influência política no PE.

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