Autoridades iranianas prendem conhecida actriz crítica do regime
Taraneh Alidoosti criticou execução de manifestante e tinha prometido ficar no país a resistir. Ganhou fama internacional com o papel num filme que venceu um Óscar em 2016.
O regime iraniano deteve Taraneh Alidoosti, uma das actrizes mais famosas do país, sob acusações de propagação de informações falsas sobre os protestos dos últimos meses no Irão, noticiou este sábado a imprensa estatal.
Segundo a agência noticiosa IRNA, Alidoosti foi detida uma semana depois de ter publicado uma mensagem na rede social Instagram a manifestar o seu apoio e solidariedade ao primeiro homem a ser executado pelo regime por causa do envolvimento nos protestos.
A IRNA diz que a actriz, de 38 anos de idade, “não apresentou provas em linha com as suas denúncias”.
Recuperado pela Associated Press, o post que Alidoosti publicou no Instagram dizia o seguinte: “O nome dele era Mohsen Shekari. Todas as organizações internacionais que estão a assistir a este banho de sangue e que não estão a tomar medidas são uma desgraça para a humanidade.”
Shekari, de 23 anos, foi acusado de “lançar a guerra contra Deus” por ter ferido um membro das forças de segurança e bloqueado uma estrada durante os protestos iniciados com a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que se encontrava detida pela chamada “polícia da moralidade” por não estar a usar de forma correcta o hijab (lenço islâmico).
No mês passado, a própria Taraneh Alidoosti publicou uma fotografia sua nas redes sociais, sem o hijab, acompanhada por uma garantia: “Vou ficar [no Irão], vou parar de trabalhar, vou apoiar as famílias dos prisioneiros e dos mortos. Vou ser a sua defensora. Sou aquela que fica aqui e não tem nenhuma intenção de se ir embora”.
Para além de conhecida dentro da República Islâmica, Alidoosti ganhou fama fora de portas devido ao papel que desempenhou no filme O Vendedor, de Ashgar Farhadi, vencedor do Óscar para Melhor Filme Estrangeiro em 2016.
Nas salas portuguesas podemos vê-la agora no filme Os Irmãos de Leila, do também iraniano Saeed Roustayi (A Lei de Teerão), um drama familiar que esteve em competição no Festival de Cinema de Cannes.