Polícia que ajudou a segurar George Floyd condenado a três anos e meio de prisão
A morte de Floyd, em Maio de 2020, foi o gatilho para uma série de protestos e o movimento Black Lives Matter contra a brutalidade e o racismo da polícia nos EUA.
Um antigo polícia de Mineápolis foi condenado, na sexta-feira, a três anos e meio de prisão pelo seu envolvimento na morte de George Floyd, um homem negro que morreu asfixiado com o joelho de um outro polícia em Maio de 2020, desatando protestos em Mineápolis, em todos os Estados Unidos e no mundo contra a brutalidade e o racismo da polícia, sob o lema Black Lives Matter.
J. Alexander Kueng tinha-se declarado culpado, em Outubro, de um crime de auxílio e cumplicidade num homicídio culposo. O ex-agente assistiu à leitura da sentença por ligação vídeo desde a prisão do Ohio, onde cumpre dois anos e meio a três anos e meio de uma sentença federal pela morte de Floyd.
Kueng irá cumprir as duas sentenças simultaneamente, tendo o tribunal do condado de Hennepin considerado 84 dias da pena já cumpridos.
O agente é um dos quatro polícias que acorreram a uma denúncia numa mercearia de Mineápolis, a 25 de Maio de 2020, e que tentaram levar George Floyd preso sob suspeita de ter usado 20 dólares falsos para comprar cigarros.
Durante o processo, o polícia mais veterano em cena, Derek Chauvin, manteve o pescoço de Floyd, que estava já algemado, preso no chão com o joelho durante mais de nove minutos, enquanto este ia dizendo que já não conseguia respirar, provocando-lhe a morte.
Kueng, de 29 anos, e o agente Thomas Lane ajudaram Chauvin a conter Floyd, enquanto outro polícia, Tou Thao, impedia as testemunhas de se aproximarem da cena.
A condenação de Kueng traz um pouco mais de justiça para a família de Floyd, disse, num comunicado, o advogado defensor dos direitos civis Ben Crump.
“Numa altura em que a família vai passar outra época festiva sem o George, esperamos que momentos como este continuem a trazer-lhes um pouco de paz, sabendo que a morte de George não foi em vão”, disse Crump.
Kueng recusou-se a fazer qualquer comentário sobre a decisão. O seu advogado, Thomas Plunkett, tentou minimizar a culpa do seu cliente, dizendo que Kueng era um novato, no seu terceiro dia de trabalho na altura do incidente. E apontou o dedo à liderança da polícia em Mineápolis, incluindo ao antigo chefe Medaria Arradondo.
“Eles falharam com o sr. King, eles falharam com sr. Floyd e falharam com a comunidade”, disse Plunkett. “A justiça transformou-se em mera vingança mesquinha.”
Depois do incidente, manifestações e até motins foram desencadeados em Mineápolis. Um vídeo perturbador dos últimos minutos de vida de Floyd posto a circular nas redes sociais ajudou na explosão de protestos em todo o país e em grandes cidades de todo o mundo.
Chauvin foi condenado a 22 anos e meio de prisão. Também se considerou culpado das mesmas acusações a nível federal e cumprirá 21 anos de prisão simultaneamente.
Os três agentes da polícia foram condenados num tribunal federal por privarem Floyd dos seus direitos e sentenciados em Julho a penas que vão de dois anos e meio a três anos e meio de prisão.
Ao aceitar declarar-se como culpado, Kueng vai cumprir a sentença de três anos e meio simultaneamente com a sua sentença federal de três anos, disse em Outubro um porta-voz do Tribunal Distrital do Condado de Hennepin. Lane aceitou o mesmo tipo de acordo em Maio.
Thao, que rejeitou um acordo semelhante em Agosto, decidiu prescindir do seu direito a tribunal de júri. Em vez disso, um juiz estadual decidirá se ele é culpado com base nas provas apresentadas pelos procuradores e pela defesa. Reuters