Exportações em queda pressionam economia chinesa

Economia chinesa sofre com abrandamento da procura dos EUA e da UE, ao mesmo tempo que política de covid zero cria entraves à sua produção.

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Medidas de confinamento estão a ser suavizadas em Xangai, na China Reuters/ALY SONG

As exportações da China registaram em Novembro a maior queda desde o início da pandemia, em mais um sinal das dificuldades com que a maior economia asiática se está a deparar para regressar ao ritmo de crescimento elevado a que se habituou nas últimas décadas.

De acordo com os dados publicados esta quarta-feira pelas autoridades chinesas, as exportações, depois da variação homóloga negativa de 0,3% registada em Outubro, caíram 8,7% em Novembro face ao mesmo mês do ano anterior. É um resultado que surpreendeu os analistas pela negativa, representando a queda mais acentuada das exportações desde Fevereiro de 2020, numa altura em que a pandemia atingia o seu ponto mais alto na China.

As políticas implementadas pelas autoridades chinesas para, ainda agora, controlarem a pandemia são precisamente uma das explicações para o desempenho tão negativo das exportações. A China vinha, até há poucos dias, impondo uma política de covid zero que forçava ao fecho frequente de empresas e criava problemas logísticos graves nas cadeias de distribuição internacionais, contribuindo de forma decisiva para a queda, não só das exportações, como também das importações.

Para além disso, as empresas exportadoras chinesas também estão a ter de enfrentar uma conjuntura internacional mais negativa, em que clientes fundamentais como os Estados Unidos e a União Europeia registam um forte abrandamento dos níveis de consumo, à medida que as taxas de juro são elevadas para contrariar a escalada da inflação.

As autoridades chinesas, em resposta ao surgimento inédito de protestos públicos significativos por parte da população, parecem estar dispostas a recuar na sua política de covid zero, o que pode representar um impulso positivo para a actividade económica, mas, em contrapartida, a evolução da conjuntura internacional tenderá, no final deste ano e no arranque do próximo, a ser negativa, continuando a pressionar a economia chinesa.

Acresce a este problema o facto de a China ter também em mãos uma correcção da alta de preços registada ao longo dos últimos anos no mercado imobiliário. Um ajustamento que, a ser feito de forma brusca, pode ter consequências importantes na procura interna, a componente do PIB em que, nesta fase, residem as principais esperanças chinesas de regresso a um ritmo de crescimento mais alto.

Para este ano, a expectativa da generalidade das instituições internacionais é a de que a economia chinesa registe um crescimento económico em torno de 3%. Este é um resultado que, para além de ficar consideravelmente abaixo do que tem sido a média das últimas décadas, não cumpre igualmente a meta de 5,5% definida pelas autoridades de Pequim.

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