O Brasil sambou, sambou...
Os brasileiros apuraram-se para os quartos-de-final onde defrontarão a Croácia.
Foi o jogo perfeito contra o adversário ideal. O Brasil goleou nesta segunda-feira a Coreia do Sul por 4-1 e está nos quartos-de-final do Campeonato do Mundo de futebol. Fê-lo exibindo uma espécie de “futebol samba”, se assim se pode apelidar. Alegre, rápido, vistoso, empolgante, que dá vontade de ficar a “escutar”, se o futebol pudesse ser escutado. Mas dá, de certeza, vontade de ficar a assistir.
Foram quatro remates certeiros mas poderiam ter sido muitos mais, tal foi a superioridade brasileira. Em especial no primeiro tempo, período em que os golos “canarinhos” foram apontados.
Contra uma selecção esforçada mas pouco mais do que isso, que olhava quase sempre para o jogador que tinha a bola mas quase nunca para o espaço vazio, o Brasil encontrou o campo ideal — e o espaço de que tanto gosta — para exibir o seu futebol habilidoso e imaginativo. Bastavam algumas trocas de bola mais velozes ou uns dribles bem conseguidos por alguns dos seus virtuosos para o perigo surgir junto da baliza de Kim Seung-Gyu.
O Brasil nunca tinha perdido com uma selecção asiática numa fase a eliminar de um Mundial de futebol e nesta segunda-feira, com Neymar e Danilo de regresso ao “onze” titular recuperados de lesões, a selecção brasileira assumiu rapidamente o comando do jogo. Raphinha e Vinícius Júnior eram as principais fontes de perigo do “escrete” nesta fase do encontro e rapidamente o primeiro golo brasileiro surgiu — o Brasil demonstrou ainda uma tremenda eficácia nos primeiros 45 minutos da partida.
Tinham passado apenas sete minutos quando uma jogada de insistência de Raphinha permitiu ao ex-jogador do Sporting cruzar a bola, que atravessou a área sul-coreana e sobrou para Vinícius Jr. inaugurar o marcador.
A Coreia do Sul voltava a sofrer um golo cedo neste Mundial, tal como tinha acontecido contra Portugal. Só que, ao contrário da partida frente à selecção nacional, os sul-coreanos não tiveram tempo para respirar. Quatro minutos depois, um erro de Jung Woo-Young, que controlou mal a bola dentro da área asiática, levou-o a fazer falta sobre Richarlison. Da marca de penálti, Neymar não falhou, apesar do “bailado” do dono da baliza sul-coreana a tentar desconcentrar o capitão brasileiro.
A Coreia do Sul ameaçou uma vez a baliza de Alisson nesta primeira parte de sofrimento, num remate de fora da área de Hwang In-beom, que obrigou Alisson a uma grande defesa. Mas a eficácia dos homens de Tite e a ingenuidade dos jogadores de Paulo Bento permitiram a Richarlison (29’), numa bela triangulação iniciada e finalizada pelo avançado do Tottenham, e a Paquetá (36’), servido na perfeição por Vinícius Jr., aumentar para 4-0 a vantagem “canarinha”.
A partida chegava ao intervalo e pairava no ar um cheiro a goleada histórica, tal era a superioridade do Brasil, mas a segunda parte foi diferente.
A Coreia do Sul mostrou-se mais certa nas marcações, principalmente nas coberturas dos homens mais velozes do Brasil nas saídas para o ataque dos sul-americanos. Por outro lado, o “escrete” também baixou o ritmo. Tite chegou a dar-se ao luxo de substituir Alisson, promovendo a entrada do “terceiro” guarda-redes, Weverton.
O resultado foi um jogo mais equilibrado e alguns lances de perigo perto da baliza de Alisson, que protagonizou uma grande defesa aos 67’ num remate de Hwang Hee-chan, mas que não foi capaz de impedir o golo de honra dos sul-coreanos, apontado por Paik Seung-Ho (76’), na recarga a um alívio efectuado para a entrada da área brasileira.
Foi nesta fase que se viram as fragilidades do Brasil, com uma defesa que muitas vezes dá demasiado espaço aos adversários. Só que a Coreia do Sul é uma selecção que só aprecia espaço nas costas dos defesas contrários, não tanto no resto do campo. Por isso, o Brasil nunca sentiu a vitória em risco e venceu fácil.