Fernando Santos critica Ronaldo e assume que “boca” foi mesmo para si
Seleccionador nacional revelou desagrado para com as palavras que Ronaldo proferiu quando foi substituído no jogo com a Coreia do Sul. E diz que o assunto “está resolvido” sem castigo disciplinar.
Na conferência de imprensa de antevisão ao duelo de Portugal com a Suíça, para os oitavos-de-final do Mundial, marcado para esta terça-feira às 19h (jogo com transmissão na RTP1), Fernando Santos abordou as palavras de Cristiano Ronaldo - “Estás com uma pressa do car**** para me tirar, fod****...” - no momento em que o seleccionador nacional substituiu o jogador no duelo com a Coreia do Sul (que Portugal perdeu por 2-1) e foi peremptório: “Já vi as imagens e não gostei nada. A partir daí, esses assuntos resolvem-se e estão resolvidos. É pensar no jogo de amanhã e todos estão focados e disponíveis”.
Depois de, inicialmente, seleccionador e o próprio jogador terem referido que aquelas palavras se dirigiam a um jogador coreano, agora Fernando Santos assume uma crítica clara ao capitão português, ainda que não vá, aparentemente, trazer consequências disciplinares para este.
Fernando Santos também abordou a notícia do jornal espanhol Marca, que revelou que Ronaldo será jogador dos sauditas do Al-Nassr em 2023: “É uma decisão dele, ele está totalmente focado no Campeonato do Mundo e em ajudar em equipa”. Em relação à titularidade do jogador no jogo com a Suíça, o treinador não deu nenhuma garantia: “Só dou a equipa aos jogadores quando estamos no balneário”.
Suíça forte mentalmente
Quanto ao duelo com a Suíça, o seleccionador nacional prevê um jogo “tremendamente difícil”, recusa favoritismos, mas mantém a confiança de sempre na vitória.
Falando sobre a formação helvética, Fernando Santos identificou as suas principais características: “São uma equipa muito bem organizada em campo, com jogadores com muita qualidade e a equipa sabe muito bem o que quer do jogo.” Na opinião do seleccionador nacional, os suíços são uma equipa com os processos de jogo bem assimilados: “Saem em posse, desde o pontapé de baliza, não é uma equipa de vertigem, procura sair a jogar e atacar na profundidade”.
Para além disso, o aspecto mental da selecção suíça também foi valorizado, dando Fernando Santos um exemplo do último jogo da mesma, quando, apesar de estar a perder com a Sérvia e de se encontrar, assim, eliminada do Mundial, “nunca perdeu o norte”. Por isso, o seleccionador recusa atribuir favoritismos: “Cada vez que se passa uma eliminatória é-se mais favorito. Portugal tem obrigação de ganhar todos os jogos e é bom sentirmos essa adrenalina de querermos ganhar.”
Detalhes fazem a diferença
Fernando Santos também foi questionado acerca da derrota de Portugal com a Coreia do Sul e revelou as conclusões que retirou da mesma, após rever o jogo: “Na primeira parte, Portugal foi dominador e os jogadores estiveram muito bem, mas fomos penalizados por um golo num canto. Na segunda parte, em termos ofensivos, não fomos tão assertivos e voltámos a ser penalizados noutro detalhe. Os detalhes é que marcam a grande diferença”.
Rafael Leão também esteve em discussão. Apesar de ter sido considerado o melhor jogador do campeonato italiano na época passada, não tem sido titular no Mundial e Fernando Santos explicou porquê: “Leão tem um potencial enorme, vai ter uma carreira fortíssima. Tem tido as dificuldades normais de alguém que joga num clube [AC Milan] onde tem tanta liberdade, não equilibra tanto o jogo e não ajuda tanto na defesa. Aqui tem tido mais dificuldade, mas isso não retira nada ao talento e à confiança que tenho nele.”
Texto editado por Jorge Miguel Matias