Endesa prepara sucessão de Nuno Ribeiro da Silva em Portugal
Nuno Ribeiro da Silva está na liderança da empresa em Portugal desde 2005.
A Endesa está a preparar mudanças na gestão em Portugal. O actual presidente da subsidiária portuguesa, Nuno Ribeiro da Silva, deverá deixar o cargo em breve e a empresa espanhola, controlada pela italiana Enel, já esta preparar a transição de poder.
Contactada, a Endesa diz que “não faz comentários” sobre o tema.
Formado em Engenharia e Economia e mestre em Economia, Política e Planeamento Energético pela Universidade Técnica de Lisboa, com passagem por várias empresas e cargos políticos em governos sociais-democratas, Ribeiro da Silva lidera desde final de 2005 os negócios da Endesa em Portugal.
Desde Agosto, quando se viu enredado numa polémica por causa de declarações sobre o aumento dos preços da electricidade, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, o gestor tem-se mantido arredado da exposição mediática.
As declarações de Ribeiro da Silva foram consideradas “alarmistas” pelo Ministério do Ambiente e o primeiro-ministro, António Costa, emitiu um despacho determinando que nenhuma entidade da administração central deveria pagar facturas à Endesa sem que estas fossem validadas previamente, considerando que houve “ameaças de práticas especulativas nos preços a praticar” pela empresa.
Foi na qualidade de especialista, e não como líder da Endesa, que o também professor catedrático convidado no Instituto Superior de Economia e Gestão participou este mês na conferência anual da Associação das Energias Renováveis, Apren, num debate sobre o “Hidrogénio verde ibérico”.
Desde a controvérsia de Agosto, em que falou de aumentos de preços da electricidade na ordem dos 40%, muitos interpretaram as palavras do gestor como querendo dar a entender que a culpa desta subida de preços seria atribuível à introdução do mecanismo ibérico, cuja aplicação foi muita contestada pelas empresas ibéricas do sector eléctrico.
Apesar de o secretário de Estado da Energia, João Galamba, ter dito, nessa ocasião, na SIC Notícias que não foi exactamente isso que o presidente da Endesa afirmou e que ele próprio deveria ter vindo corrigir os “mal-entendidos” que surgiram “depois de as notícias saírem”, nem Ribeiro da Silva voltou a prestar esclarecimentos sobre o tema, nem a Endesa fez qualquer comentário.
A empresa espanhola, presidida por José Bogas, veio, no entanto, garantir que manteria “os preços contratuais com os seus clientes residenciais em Portugal até ao final do ano” e que cumpriria “os compromissos estabelecidos no quadro regulatório português e no mecanismo ibérico”.
Renováveis em carteira
A transição de poder na Endesa dá-se numa altura em que a empresa tem pela frente o desenvolvimento de vários projectos de renováveis e hidrogénio. A antiga accionista da central a carvão do Pego ganhou o projecto de reconversão desta infra-estrutura num centro de energia limpa, destinado à produção de hidrogénio, solar e eólica.
A Endesa também foi vencedora em leilões de energia solar e, no mais recente, ganhou o direito a construir uma central flutuante na albufeira de Alto Rabagão.
Além dos projectos de energia verde, a Endesa mantém uma parceria com a Trustenergy na central de gás natural do Pego, no concelho de Abrantes.
Ainda este mês a empresa anunciou que irá abrir um escritório nesta cidade do Médio Tejo e reafirmou que os trabalhadores da antiga central a carvão, que encerrou há praticamente um ano, serão considerados prioritários para preencher os postos de trabalho do novo projecto de energias renováveis.
A Endesa prevê um investimento de 600 milhões de euros no Pego, para a instalação de nova capacidade solar (365MW) e eólica (264MW), além de baterias com capacidade total de 168,6MW.