Camila substitui “damas de companhia” por “acompanhantes da rainha”

Historicamente, as rainhas britânicas têm por companhia mulheres de origem nobre, que servem como assistentes pessoais e amigas leais. A posição de dama de companhia data da Idade Média.

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Camila terá cinco acompanhantes Reuters/POOL

Numa primeira quebra simbólica com o passado, Camila, rainha consorte de Carlos III, dispensou a tradição de ter damas de companhia e, em vez disso, nomeou um grupo de cinco assistentes pessoais que serão conhecidos como “Companheiras da Rainha”.

O anúncio, feito no domingo pelo Palácio de Buckingham, não foi uma surpresa, uma vez que a probabilidade de tal mudança foi noticiada pela imprensa britânica pouco depois do funeral da rainha Isabel II, que morreu a 8 de Setembro.

Historicamente, as rainhas britânicas têm por companhia mulheres de origem nobre, que servem como assistentes pessoais e amigas leais. A posição de dama de companhia data da Idade Média.

Mas Camila, a segunda mulher de Carlos, abandonou o título tradicional e algumas das funções destas mulheres, num movimento de modernização.

Agora, as “acompanhantes da rainha” têm um papel semelhante, pois continuam a ser pessoas da confiança da rainha e pertencentes ao seu círculo mais próximo, mas a sua função é menos abrangente pois não precisam de estar sempre disponíveis. As acompanhantes irão “ocasionalmente acompanhar” a rainha e apoiar em algumas das suas funções oficiais, explica o palácio, em comunicado.

“O papel da acompanhante da rainha será o de apoiar a rainha consorte nalgumas das suas principais funções oficiais e estatais, para além da sua secretária privada/secretária privada de serviço”, continua o mesmo texto.

O conceito de “dama de companhia” existe na história europeia desde a Idade Média, com a função de apoiar as rainhas, inclusive na hora de se vestirem, ou mesmo na sua higiene pessoal. Não estão ao mesmo nível que as chamadas criadas de quarto ou outros funcionários do palácio, porque se instalou a crença que só pessoas de origem nobre podiam servir um monarca.

Alguns títulos oficiais e talvez datados também se mantiveram durante séculos, incluindo o título de “senhora do quarto”, aquela que ajudava a rainha a vestir-se, e a “senhora dos vestidos”, encarregada de cuidar do guarda-roupa e das jóias da rainha. Os diferentes papéis, todos honorários, fazem parte de uma hierarquia que serviu a vida quotidiana da rainha.

Ao longo dos seus 70 anos de reinado, Isabel II teve meia dúzia de mulheres da sua confiança. A caminho do funeral do seu marido, o príncipe Filipe, a monarca sentou-se ao lado de lady Susan Hussey, talvez a sua mais leal dama de companhia.

Ao longo de seis décadas, Susan Hussey recolhia os ramos de flores que eram oferecidos à rainha, acompanhava-a a eventos sociais e via televisão com Isabel II. Era sua confidente e é madrinha do príncipe William. O marido, Marmaduke Hussey, foi retratado na última temporada de “A Coroa” como o presidente do conselho de administração da BBC.

A função de dama de companhia não é paga e era atribuída a aristocratas suficientemente ricas para que não precisassem de trabalhar.

De acordo com a lista de Buckingham, as novas companheiras de Camila incluem amigas de longa data e pessoas muito próximas: Fiona, marquesa de Lansdowne; Jane von Westenholz; Katharine Brooke; Sarah Troughton e Sarah Keswick.

A rainha terá ainda um novo oficial será o seu assistente e que a acompanhará a tempo inteiro, o major Ollie Plunket.

As restantes damas de companhia de Isabel II permanecerão, ajudando Carlos a organizar eventos no Palácio de Buckingham. Serão agora chamadas “senhoras da casa”, acrescenta o comunicado.

O novo rei pretende diminuir a monarquia, reduzindo o tamanho do seu pessoal, bem como o número de palácios e castelos.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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