Incentivar a automutilação na Internet vai tornar-se crime no Reino Unido

O novo projecto de lei pretende responsabilizar quem partilha nas redes sociais conteúdos que encorajem comportamentos autolesivos.

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Executivos conservadores tentam implementar esta lei há mais de um ano Daria Nepriakhina/Unsplash

O Governo britânico vai tornar crime o encorajamento de pessoas à automutilação ou a infligirem danos físicos em si mesmas, através de conteúdo nas redes sociais, segundo o projecto de lei de Segurança Online, que será finalizado nas próximas semanas.

A ministra do Digital, Cultura e Media do Reino Unido, Michelle Donelan, afirmou que o projecto de lei será reforçado com essa ofensa para “garantir que esses actos vis desaparecem”.

“Estou decidida a que esses trolls abomináveis que encorajam os jovens e vulneráveis a automutilarem-se sejam levados à justiça”, disse Donelan, em declarações à BBC.

O projecto de lei pretende que o conteúdo nas redes sociais que incentive, de alguma forma, à prática de qualquer tipo de dano físico se torne um novo crime no Reino Unido.

Este acrescento à lei — que os sucessivos executivos conservadores, desde o de Boris Johnson, têm promovido sem sucesso desde há mais de um ano — responde em grande parte ao caso da adolescente Molly Russell, que causou uma forte convulsão na sociedade britânica.

Molly Russell, de 14 anos, suicidou-se em Novembro de 2017 e um juiz forense indicou, no passado mês de Setembro, que o conteúdo de várias publicações nas redes sociais desempenhou um papel relevante na sua decisão de tirar a própria vida.

A adolescente, que utilizava aplicações como Instagram e Pinterest, sofreu “efeitos negativos como resultado do conteúdo” que recebia através da internet, afirmou o juiz forense Andrew Walker.

Em Portugal, de acordo com o relatório de 2018 “A Saúde dos Adolescentes Portugueses Após a Recessão”, numa amostra de quase 4000 alunos do oitavo e décimo ano de escolaridade, 20% disseram ter tido comportamentos autolesivos no último ano (antes de 2018).