Jornalista que acusa Trump de violação faz nova queixa por agressão e difamação
E. Jean Carroll recorre a uma nova lei para processar ex-Presidente dos EUA. Em 2019, acusou-o de a ter violado há 27 anos numa loja de Nova Iorque.
E. Jean Carroll apresentou na quinta-feira uma nova queixa civil contra Donald Trump por agressão e difamação. Esta é o segundo processo movido pela jornalista e escritora norte-americana, que acusa o ex-Presidente dos Estados Unidos de a ter violado, há 27 anos, numa loja de artigos de luxo em Nova Iorque.
Trump nega esta acusação e tem-no feito em várias ocasiões. Em 2019, pouco depois da denúncia, disse que Carroll não era o seu “tipo de mulher”. Mais recentemente, em Outubro, através da sua rede social – a Truth Social –, insistiu tratar-se de uma “mentira” e uma “farsa”.
Apresentada num tribunal federal de Manhattan, a última queixa foi feita ao abrigo do New York’s Adult Survivors Act, uma nova lei estadual, que entrou em vigor na quinta-feira, e que oferece às vítimas de crimes sexuais uma janela temporal de 12 meses para apresentarem denúncias contra os seus alegados abusadores, independentemente do ano em que o delito ocorreu.
“O novo processo pode estragar o Dia de Acção de Graças do antigo Presidente, mas será bem recebido por todas as mulheres que foram agarradas, apalpadas, assediadas, apertadas, agredidas, difamadas ou arrasadas para a lama por um homem poderoso”, escreveu E. Jean Carroll na sua conta no site Substack.
Nesta queixa, Roberta Kaplan, advogada da antiga colunista da revista Elle, recupera os pormenores da denúncia anterior contra o ex-chefe de Estado, que anunciou recentemente a sua intenção de ser o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais de 2024.
“Há aproximadamente 27 anos, um gracejo divertido no departamento de artigos de luxo da loja Bergdorf Goodman, na 5ª Avenida, na cidade de Nova Iorque, transformou-se num momento sombrio, quando o acusado Donald J. Trump agarrou a queixosa E. Jean Carroll, forçou-a contra a parede de um provador, imobilizou-a com o seu ombro e violou-a”, lê-se na queixa, citada pelo Washington Post.
A equipa de Carroll, de 76 anos, diz que o caso lhe causou “dor e sofrimento significativos, danos psicológicos prolongados, perda de dignidade e invasão da privacidade”.
Alina Habba, advogada de Trump, responde, no entanto, argumentando que esta queixa parte de uma interpretação abusiva do Adult Survivors Act.
“Embora respeite e admire que haja pessoas que se cheguem à frente, infelizmente este caso é um abuso do objectivo desta lei, que cria um precedente terrível e que arrisca deslegitimar a credibilidade das verdadeiras vítimas”, criticou Habba.
Um dos motivos que justificam a apresentação de uma segunda acção judicial contra Donald Trump prende-se com o facto de, no que toca à questão da difamação, um dos argumentos apresentados, em recurso, pela equipa de defesa do ex-Presidente é o de que gozava de imunidade quando proferiu as declarações de 2019.
Mas nesta queixa são tidas em conta declarações feitas já depois de Janeiro do ano passado, quando Trump deixou a Casa Branca, e passou a ser um cidadão normal.
Declarações, como as que foram feitas a 12 de Outubro, na Truth Social, que, segundo os advogados de Carroll, são “consistentes com outros comunicados que Trump fez em resposta a outras acusações de agressão sexual feitas por outras mulheres”.
“Não conheço esta mulher, não faço ideia de quem seja, a não ser que se trata de alguém que tirou uma fotografia comigo, há muitos anos, com o marido, a apertar a minha mão, numa fila de recepção [dos participantes] num evento de caridade de celebridades”, escreveu o ex-Presidente naquela rede social, acusando Carroll de ter “inventado totalmente a história” do abuso sexual.
Por causa dos vários recursos apresentados pelas partes, as audições para o primeiro processo só estão previstas para 2023.