Os EUA voltam a travar a euforia inglesa

Empate sem golos entre norte-americanos e britânicos deixa tudo em aberto nas contas do Grupo B do Mundial do Qatar. Foi o quinto 0-0 do torneio.

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Kane ainda não conseguiu marcar no Mundial 2022 EPA/Ali Haider

Não há Europeu ou Mundial em que a selecção inglesa não entre com as expectativas bem lá no alto. E no Qatar, essas expectativas tiveram correspondência logo no primeiro jogo do torneio, um 6-2 ao Irão que fixou a selecção dos “Três Leões” como um dos favoritos. Mas, como também acontece com frequência, a Inglaterra também voltou a ter uma dose de realidade e frente a um velho conhecido, os EUA. À goleada com os iranianos, seguiu-se um empate sem golos frente aos norte-americanos, que deixa tudo em aberto nas contas do Grupo B – na última jornada, na próxima terça-feira, haverá um Gales-Inglaterra e um EUA-Irão, e todos ainda se podem qualificar.

Esta não foi a primeira, nem a segunda vez que os norte-americanos fizeram frente aos ingleses (e falamos apenas de futebol, não da guerra pela independência). No Mundial de 1950, os amadores norte-americanos surpreenderam os ingleses com um triunfo por 1-0, e, no África do Sul 2010, houve empate (1-1).

Nesta sexta-feira, em Al Khor, a “nata” da Premier League inglesa nada conseguiu fazer perante uma selecção norte-americana descomplexada e com vontade de desafiar o favoritismo atribuído à selecção de Gareth Southgate.

Havia uma expectativa sobre como esta Inglaterra se iria apresentar, depois de terem atropelado os iranianos, perante uns EUA que não conseguiram melhor que um empate com Gales. E a forma como a Inglaterra se lançou no jogo, parecia que os americanos iriam sofrer o mesmo destino.

Logo aos 10’, Harry Kane esteve perto do golo, após bela jogada de Saka, mas o remate do homem do Tottenham bate num defesa americano e a bola sai pela linha de fundo.

Era um primeiro sinal de domínio inglês que não teve seguimento. A partir daqui, é justo dizer que os EUA fizeram mais do que equilibrar o confronto, assumiram o controlo, empurrados pelo talento de homens como Pulisic, McKennie ou Dest, todos com alta rodagem no futebol europeu e habituados a estas coisas – nada como os amadores de 1950 ou a equipa de 2010, em que as maiores figuras eram um guarda-redes e um avançado que nunca funcionou fora dos EUA.

À primeira oportunidade da Inglaterra, os EUA responderam com várias. Aos 17’, Wright cabeceou ao lado após cruzamento de McKennie, aos 26’ foi o médio da Juventus a falhar o alvo após uma posse de bola prolongada e, aos 33’, Pulisic acertou na trave após nova jogada de McKennie. Era uma avalanche norte-americana que só não teve maior consequência por falta de pontaria e por uma inesperada inspiração de Harry Maguire a liderar a aflita linha defensiva dos britânicos.

Os ingleses não melhoraram muito na segunda parte e os norte-americanos foram menos fulgurantes a atacar. Ainda assim, foi a formação orientada por Gregg Berhalter a ter mais iniciativa, mas sentia-se que os níveis de energia iam baixando.

Southgate tentou aproveitar isto, lançando homens como Grealish ou Rashford, que marcaram na goleada aos iranianos, mas nem eles conseguiram animar o ataque dos britânicos de forma evidente.

E o jogo foi-se arrastando sem golos (foi o quinto nulo deste Mundial) até ao apito final, um resultado que serve às duas selecções – ambas dependem de si para se qualificarem para os “oitavos”, os ingleses com quatro pontos, os norte-americanos com dois, com os iranianos entre ambos com três e os galeses a fechar o grupo com um. Mas serão os norte-americanos a sair mais motivados, mais confiantes das suas capacidades, enquanto os ingleses, tal como exageraram na euforia após o primeiro jogo, ficarão, de repente, cheios de dúvidas.

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