O primeiro triunfo do Irão no Qatar chegou no tempo extra
Selecção treinada por Carlos Queiroz teve as melhores ocasiões de golo e derrubou o País de Gales na compensação, numa altura em que estava em superioridade numérica (2-0).
O primeiro triunfo do Irão e a primeira derrota do País de Gales. Foi este o resultado do embate da 2.ª jornada do grupo B do Mundial de futebol, entre as duas selecções (2-0). No Estádio Ahmed bin Ali, em Al Rayyan, o maior domínio britânico valeu menos do que os ataques cirúrgicos iranianos, que foram compensados já no tempo extra, com dois golos em três minutos.
Da primeira para a segunda jornada, foi o Irão a mudar de figurino. Carlos Queiroz prescindiu da linha defensiva de cinco unidades que apresentara diante da Inglaterra e optou por um 4x3x3, que contou com uma mexida por obrigação na baliza (o lesionado Beiranvand foi rendido por Hosseini) e com um tridente ofensivo em que Taremi contou com o apoio mais directo de Azmoun, um talento que tem sido minado por lesões.
O País de Gales, que arrancara um ponto no jogo com os EUA, decalcou a fórmula habitual, um 3x5x2, e produziu apenas uma mudança na frente de ataque, ao trocar Daniel James por Kiefer Moore, um avançado mais batalhador e forte nos duelos aéreos. E as bases em que o jogo foi lançado permitiram aos britânicos controlarem as operações com bola.
Inicialmente foi pela ala esquerda que Gales mais pôs em sentido a defesa iraniana, mas o melhor lance do primeiro tempo surgiu do lado oposto, quando Roberts cruzou com precisão para um desvio de Moore, bem contrariado por Hosseini (12’).
O lateral direito galês, porém, esteve no melhor e no pior, já que, três minutos depois, errou um passe longo e permitiu a Gholizadeh interceptar a bola e activar o ataque rápido, que prosseguiu com uma tabelinha com Azmoun e com o desvio para as redes, à boca da baliza. Festejo breve e... golo anulado, por fora-de-jogo.
Ficava, no entanto, o aviso. As transições eram a arma de eleição do Irão, que se mostrou confortável com a iniciativa do adversário, obrigando-o a canalizar o jogo para os corredores laterais e impedindo que Gareth Bale recebesse a bola entre linhas. Enquanto o cérebro do futebol galês estivesse manietado, o risco estava minimizado.
Sem alterações no arranque do segundo tempo, o sentido do encontro manteve-se, mais na direcção da baliza iraniana, mas os principais lances de perigo surgiram no lado oposto. E, aos 51’, o Irão teve uma tripla ocasião para se colocar em vantagem: Azmoun fugiu em transição após passe tremendo de Safi, rematou ao poste direito, a bola sobrou para Gholizadeh, que bateu em arco rumo ao poste esquerdo e, ainda na recarga, Azmoun finalizou de cabeça para defesa de Hennessey (51').
O seleccionador galês lançou o talentoso Daniel James aos 60’ e a equipa começou a ter mais preponderância com bola no corredor esquerdo, mas continuou a ser o Irão a ser mais incisivo, com Ezatolai a testar os reflexos do guarda-redes aos 73’, num remate cruzado.
Com a dança das alterações a intensificar-se, e o País de Gales a procurar cada vez mais o jogo directo e as segundas bolas, seria de novo uma transição, pois claro, a deitar por terra as aspirações britânicas. Numa bola longa, Taremi interceptou a bola e foi atropelado por Hennessey, que saiu da baliza. Cartão amarelo, emendado para vermelho após recurso do árbitro ao monitor.
O Irão passava a ter o condão de jogar os últimos minutos em superioridade numérica. Taremi ainda recebeu uma bola na área, mas a floresta de pernas galesas impediu que passasse. Foram nove os minutos de tempo extra concedidos, havia tempo a mais para Gales e a menos para o Irão, que não baixou os braços.
E o prémio chegou em dose dupla, quando já poucos acreditariam. Aos 90+8’, com um remate de fora da área de Chesmhi, que saíra do banco aos 78’, os iranianos deram a primeira estocada, que não, porém, seria a final. Dois minutos volvidos, uma transição (pois claro) deixou Taremi com bola, em condução, e em condições para fazer a assistência para o mini-chapéu do lateral Rezaeian. Xeque-mate e celebração, com Carlos Queiroz levantado em braços.