Poeta Daniel Jonas vence Prémio Fundação Inês de Castro
Cães de Chuva é o vencedor da 15.ª edição do Prémio Literário Fundação Inês de Castro.
O poeta Daniel Jonas, com a obra Cães de Chuva, é o vencedor da 15.ª edição do Prémio Literário Fundação Inês de Castro, anunciou esta quinta-feira a fundação.
O Prémio Literário Fundação Inês de Castro é uma iniciativa anual que distingue obras de prosa ou poesia escritas em língua portuguesa.
Cães de Chuva foi editado pela Assírio & Alvim, em 2021.
A Fundação atribuiu ainda o Prémio de Tributo Consagração 2021 a José Viale Moutinho, uma distinção que coincide com o dia do lançamento da nova obra do escritor, (22) Contos Escolhidos - Antologia Pessoal (1988-2015), a decorrer na cidade de Coimbra.
Ao dar este prémio a Daniel Jonas, o júri quis distinguir “a qualidade, a ousadia e a solidez da escrita poética de Daniel Jonas, mais uma vez manifestada” nesta obra, afirma a escritora e jornalista colaboradora do PÚBLICO Isabel Lucas, membro do júri, citada pelo comunicado da fundação.
Presidido por José Carlos Seabra Pereira, o júri integrou ainda o escritor Mário Cláudio, a professora Isabel Pires de Lima e o poeta António Carlos Cortez.
Para o júri do prémio, nesta obra, Daniel Jonas “confirma a solidez da sua criação literária e a originalidade que o torna um dos mais estimulantes poetas da poesia portuguesa contemporânea”.
Em Cães de Chuva, livro em verso livre, Daniel Jonas “articula a herança clássica de autores e temas clássicos com a modernidade da linguagem, da forma, dos sentimentos que dominam o tempo e o espaço em que vive”, considerou o júri.
“Outra das características do poeta está na atmosfera perpassada pela sombra, uma tristeza pontuada por momentos de alguma exuberância”, além da linguagem em que cada palavra é “tratada com extrema precisão, deixando entrar termos de outros idiomas, revelando mais uma vez a ousadia que caracteriza a sua produção poética, tal como a atenção dada a elementos como o tempo e o espaço”.
Cães de Chuva, prossegue o júri, é um livro “a celebrar, por um poeta, dramaturgo que aprofunda e dá densidade à sua marca poética enquanto passa para a língua portuguesa alguns dos livros e autores mais exigentes da língua inglesa. A notável experiência do tradutor parece contaminar, no melhor sentido, uma poesia nunca acomodada a temas e a fórmulas”.
Sonótono (Cotovia, 2006), com que venceu o prémio PEN e poesia, Nó (Assírio & Alvim, 2014), galardoado com o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes da Associação Portuguesa de Escritores (APE), constam da obra galardoada de Daniel Jonas, poeta, tradutor e professor dos ensinos básico e universitário.
Daniel Jonas foi um dos sete poetas nomeados para o Prémio Europeu da Liberdade, pelo livro Passageiro Frequente (Língua Morta, 2013), que está traduzido em polaco por Michal Lipszyc.
Antes fora galardoado com o prémio Europa David Mourão-Ferreira, da Universidade de Bari/Aldo Moro, pelo conjunto da sua obra.
John Milton, Shakespeare, Evelyn Waugh, Luigi Pirandello, Joris-Karl Huysmans, John Berryman, Charles Dickens, Malcolm Lowry, Henry James e William Wordsworth, e, mais recentemente, Geoffrey Chaucer (Os Contos de Cantuária) contam-se entre os autores por Daniel Jonas.
Como dramaturgo, publicou Nenhures (Cotovia, 2008) e escreveu Estocolmo, Reféns e o libreto Still Frank, todos encenados pela companhia Teatro Bruto.
José Viale Moutinho, distinguido com o Prémio Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro 2021, nasceu no Funchal em 1945, e reside no Porto.
Enquanto jornalista fez parte das redacções do Jornal de Notícias (1966-1975) e Diário de Notícias (1975-2004), tendo recebido o Prémio de Reportagem Norberto Lopes, da Casa da Imprensa de Lisboa.
Da produção jornalística, tem textos recolhidos no livro Primeira Linha de Fogo, que vão da Guerra Civil de Espanha aos campos nazis de extermínio, editado pela Bertrand, em 2013.
Como escritor, estreou-se em 1968 com Natureza Morta Iluminada.
No País das Lágrimas, Romanceiro da Terra Morta, Cenas da Vida de um Minotauro, com que venceu o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco 2000, e Monstruosidades do Tempo do Infortúnio, com que arrecadou de novo o Grande Prémio do Conto da APE em 2019, são algumas das obras de José Viale Moutinho.
Já os Galos Pretos Cantam (Prémio Edmundo Bettencourt), A Peste no seu Esplendor, Textos Goliardos, Fechem essas Malditas Gavetas!, Velhos Deuses Empalhados, Quatro Manhãs de Nevoeiro, A Batalha de Covões, Entre Povo e Principais são também obras do autor que, na poesia, publicou Cimentos da Noite: 1975 - 2018 (Prémio D. Diniz, da Fundação Casa de Mateus 2021), além de três peças de teatro representadas, e estudos sobre autores dos anos de 1800, sobretudo sobre Camilo Castelo Branco e Trindade Coelho.
Viale Moutinho, que conta com distinções como o Prémio Rosalía de Castro, do PEN Club da Galiza, e Pedrón de Honra, também da região do Norte Atlântico espanhol, e da Fundação Casa de Mateus, entre outros, tem ainda uma vasta obra publicada na área da literatura popular e literatura para crianças e jovens.
Ao longo dos anos, o Prémio Literário Fundação Inês de Castro tem distinguido autores como Pedro Tamen (2007), José Tolentino Mendonça (2009), Hélia Correia (2010), Gonçalo M. Tavares (2011), Mário de Carvalho (2013), Rui Lage (2016), Rosa Oliveira (2017), Djaimilia Pereira de Almeida (2018) e Andreia C. Faria (2019).
A cerimónia oficial de entrega destes prémios vai realizar-se na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, no primeiro trimestre de 2023, em data a anunciar brevemente, conclui a fundação.