Portal do SNS passa a ter informação sobre centros de saúde abertos até mais tarde
Plano de Inverno foi apresentado esta quarta-feira pelo Ministério da Saúde. Já há 36 centros de saúde em Lisboa e Vale do Tejo abertos até mais tarde.
O Portal do SNS tem disponível a partir desta quarta-feira e de forma actualizada a informação dos centros de saúde que estão abertos até mais tarde ou com atendimentos suplementares. Esta é uma das medidas anunciadas esta quarta-feira pela secretária de Estado da Promoção da Saúde na apresentação do plano de Inverno elaborado pelo ministério. Segundo adiantou o ministro Manuel Pizarro, na área de Lisboa e Vale do Tejo já há 36 centros de saúde a funcionar com horário alargado.
A informação sobre os centros de saúde abertos fora de horas pode ser consultada aqui. Escolhido o centro, o utente pode deslocar-se sem que tenha de ir à unidade correspondente à sua morada ou onde está inscrito. Para já, só existe informação sobre os cuidados de saúde primários da região de Lisboa e Vale do Tejo. O ministro adiantou que na região Norte existem “quatro ou cinco” centros com horário alargado, mas que a qualquer momento, de acordo com as necessidades, mais podem ser abertos nestas e noutras regiões.
A medida, explicaram os responsáveis pela pasta da Saúde, pretende reduzir a procura das urgências hospitalares por parte de doentes que, tendo uma doença aguda, não precisam de cuidados tão diferenciados. “Queremos melhorar as respostas anteriores às urgências, com fluxogramas adaptados no SNS24, que deve ser a porta da entrada para as urgências”, explicou a secretária de Estado Margarida Tavares.
Salientando que a orientação desta linha “é fundamental”, destacou igualmente a “boa articulação” que deve existir entre o SNS 24 e os cuidados de saúde primários e com os hospitais. “Deve ser feito o alargamento dos cuidados de saúde primários para aliviar urgências”, acrescentou, referindo que haverá também uma monitorização diária dos dados relativos à procura que permitam ajustar a resposta perante as necessidades e dar toda a informação aos utentes, tendo sido criada uma equipa no Ministério da Saúde para o efeito.
“Vamos ter um portal com informação actualizada para que as pessoas possam acorrer aos locais abertos. Queremos que tenham informação fácil, para saber o que está aberto e até que horas nos cuidados de saúde primários”, explicou. Para aceder à informação dos centros de saúde com horários alargados, mas também à monitorização de alguns indicadores nos centros de saúde e hospitais e informações sobre a estratégia do plano, é preciso ir ao Portal do SNS e seleccionar na parte superior da página a resposta sazonal em saúde. Em seguida, é preciso clicar em cima das medidas prioritárias e nessa nova página seleccionar medidas para o cidadão. É nessa parte que encontrará um mapa, que, clicando em cima, remete para uma outra página com a informação detalhada dos centros de saúde.
O plano tem também especial atenção aos mais vulneráveis, nomeadamente os que residem em lares. Haverá um apoio de telessaúde para os profissionais via SNS 24, promovendo os cuidados na instituição e evitando deslocações desnecessárias aos hospitais, ao mesmo tempo que fornece informação de uma forma mais imediata. Está igualmente prevista a criação de equipas específicas de profissionais dos centros de saúde e dos hospitais para dar apoio aos lares sempre que necessário.
Congestionamento das urgências
Com a pressão nos hospitais a fazer notícias, o objectivo do Ministério da Saúde é que este plano possa ajudar no “movimento e na fluidez das urgências”. Mas Manuel Pizarro afirmou que não irá resolver os problemas. Esses, disse, precisam de medidas mais estruturais, que serão tomadas ao longo do próximo ano.
Questionado sobre os longos tempos de espera que se registaram em alguns hospitais da Grande Lisboa, Manuel Pizarro afirmou que a situação já se encontra melhor. Referiu que, em relação ao Hospital Santa Maria, a urgência chegou a ter 200 utentes em avaliação à espera de exames complementares de diagnóstico. Já no Amadora-Sintra, a maior dificuldade foi conseguir camas para internamento.
Questionado porque é que esta pressão se faz sentir mais nos hospitais da Grande Lisboa do que noutras zonas do país, o ministro referiu que são múltiplas as causas. Uma delas é a menor capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários, já que esta é a região com mais falta de médicos de família. “É também a região onde temos mais dificuldade em resolver o problema dos doentes que estão nos hospitais sem ter indicação clínica.”
Durante a apresentação, Margarida Tavares afirmou que “é fundamental” que às urgências “acorram só os que mais necessitam e que sejam internados o mais rapidamente”. O plano prevê a implementação nos hospitais de equipas de coordenação de vagas, gerindo de forma integrada e disponibilizando todas as camas disponíveis em tempo real, para diminuir o tempo de permanência na urgência. Haverá também especial atenção à retenção de ambulâncias à porta das urgências e, por isso, “cada urgência terá um plano de contingência específico para isso”.
Faz igualmente parte do plano a existência de uma “Via verde” entre os agrupamentos de centros de saúde e os hospitais, para que estes últimos possam fazer a referenciação para consultas rápidas, marcadas em menos de 24 horas, nos centros de saúde dos doentes com pulseiras verdes e azuis.
“É uma medida que já está em funcionamento, mas que pretendemos intensificar”, disse o ministro, referindo que o objectivo é “criar uma alternativa de consulta para as pessoas que precisam de um contacto com o médico, mas que felizmente não têm uma boa razão para ir à urgência”. Idealmente, explicou, é que este encaminhamento seja feito ainda antes da deslocação à urgência, via contacto com o SNS24. Mas poderá também acontecer quando a pessoa já estiver no hospital. “Será sempre um acto de disponibilidade do próprio utente não urgente para prescindir desse recurso.”
Questionado como será possível garantir consultas no dia quando há falta de médicos de família e se admite recorrer aos privados, Manuel Pizarro disse que irão ser tomadas medidas suplementares, “nomeadamente com um apelo aos médicos, que já está a ser feito” e que já permitiu a abertura dos 36 centos de saúde com horário prolongado. “E, sim, este plano diz expressamente que há níveis de activação que podem justificar o recurso ao sector social e ao sector privado, se isso for necessário para optimizar a resposta aos portugueses”, disse.
500 camas para casos sociais
“Queremos olhar para o fluxo dentro do internamento hospitalar. Além das equipas de gestão de vagas, queremos uma melhor articulação com a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e desenvolver um programa com a Segurança Social, agilizando a saída de quem já não precisa de cuidados clínicos”, explicou Margarida Tavares na apresentação do plano.
“Já estamos a activar um plano em conjunto com a Segurança Social, com as Misericórdias e com as IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social] para facilitar estas altas. Já temos cerca de 500 lugares garantidos, que começarão a ser utilizados alguns ainda esta semana, mas seguramente na próxima”, afirmou o ministro da Saúde.
Manuel Pizarro aproveitou para anunciar que desde esta quarta-feira há "casa aberta" para os mais de 65 anos para o reforço da vacina contra a covid. Neste campo, defendeu que esta é a melhor medida de prevenção e que espera chegar ao Natal com três milhões de vacinados, cumprindo a meta proposta.