Criador belga Raf Simons anuncia o encerramento da marca própria

A etiqueta epónima, fundada em 1995, foi das primeiras a cruzar o streetwear com o vestuário de luxo. “Obrigada a todos, por acreditarem na nossa visão e por acreditarem em mim”, escreveu.

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Raf Simons tem 54 anos e continuará a dar cartas na italiana Prada ALESSANDRO GAROFALO/Reuters

O desfile de Primavera/Verão 2023 de Raf Simons, em Londres, transformou-se numa grande festa, assim que a última modelo pisou a passerelle. Sabe-se agora que essa será a última colecção do criador belga. Simons anunciou, na segunda-feira, o encerramento da marca epónima, depois de “27 anos de uma jornada extraordinária”.

“Faltam-me as palavras para expressar o quão orgulhoso estou de tudo o que conquistei. Estou grato pelo apoio incrível da minha equipa, dos meus colaboradores, da imprensa dos colaboradores, dos meus amigos e família, e dos nossos fãs devotos e seguidores leais”, escreveu o designer de 54 anos numa publicação no Instagram. “Obrigada a todos, por acreditarem na nossa visão e por acreditarem em mim”, concluiu.

Raf Simons não detalhou o motivo que terá levado ao encerramento do projecto iniciado em 1995. Antes disso, o belga tinha trabalhado como designer de mobiliário e estagiou com o conterrâneo criador de moda Walter Van Beirendonck. Rapidamente se lançou por conta própria com uma assinatura jovem inspirada na arte urbana e na música, em silhuetas minimalistas.

A última colecção que apresentou — sem o público saber que seria o seu derradeiro acto — é inspirada no trabalho do pintor belga Philippe Vandenberg, conhecido pelos seus “rabiscos” de palavras. “São palavras cruéis, como ‘matem-nos a todos e dancem’”, explicou, então, Raf Simons à revista Vogue. “Vandenberg referia-se a matar coisas que estamos a fazer criativamente para conseguirmos seguir em frente e explorar mais além”, acrescentou, em jeito de profecia pelo que havia de acontecer.

Nos comentários da publicação de despedida, não faltam mensagens de apreço de colegas como Marc Jacobs, Mathieu Blazy, director criativo da Bottega Veneta ou Grace Wales Bonner. “Feliz por ter vivido nesta era”, comenta um utilizador. E outro assevera: “Rei da Juventude.”

Durante a carreira de mais de 20 anos, Simons passou por prestigiadas casas de moda como Dior, Calvin Klein e Jill Sander — ainda que por breves momentos, preferindo focar-se na carreira em nome próprio. O trabalho do criador, que mistura o streetwear com o luxo, foi inspiração para grandes nomes da indústria como Virgil Abloh, o director criativo da Louis Vuitton e fundador da Off-White, que morreu em Novembro de 2021.

Em 2020, seguindo uma tendência do mercado, Raf Simons percorreu os arquivos da marca na colecção History of My World (História do meu mundo, em tradução livre), dando oportunidade aos fãs de ter peças icónicas da sua assinatura há muito esgotadas. Regressaram, por exemplo, os populares fatos de silhueta esguia dos anos 90 ou os coordenados gráficos.

Nesse mesmo ano, Raf Simons assumiu a direcção criativa da Prada, ao lado de Miuccia Prada, e é por lá que continuará a dar cartas, depois do encerramento da marca epónima. Quem sabe o fim da etiqueta não significará um aumento de responsabilidades na casa italiana, que tem crescido a trote graças à mudança de estratégia com um regresso às peças clássicas e de silhueta minimalista.

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