Canto Nono anunciam para Abril um espectáculo dedicado a José Mário Branco

Os portuenses Canto Nono vão celebrar ao vivo a obra de José Mário Branco (1942-2019), seu director artístico durante duas décadas. Será em Abril de 2023, no Coliseu do Porto.

Foto
Os oito elementos do Canto Nono em 2022 DR

O anúncio é feito este sábado, porque os bilhetes são agora postos à venda, mas o espectáculo está marcado para 28 de Abril de 2023, no Coliseu do Porto Ageas. Trata-se de uma celebração, pelo grupo a capella Canto Nono, num concerto inédito, da obra do cantor e compositor que foi seu director artístico ao longo de duas décadas, entre 2000 e 2019. Intitula-se A Força (o Poder) da Palavra, Um Canto a José Mário Branco e, segundo o comunicado difundido pelo grupo, “não será, de forma alguma, uma anódina reposição de repertório, antes uma ‘reconstrução’ de obra já executada, agora com novas abordagens, novas formas de expressão, porque todo o mundo é composto de mudança.” Daí que, além de aproveitarem “alguns dos arranjos que o Zé Mário fez de músicas suas para o Canto Nono, algumas em estreia”, incluirão também arranjos que ele fez para músicas de outros autores, como O que será, de Chico Buarque, ou Etelvina de Sérgio Godinho, além de arranjos de músicos com quem José Mário Branco trabalhava (“e de que gostava muito”) e que o Canto Nono agora convidou para esse efeito, como Amélia Muge, José Martins, Tomás Pimentel, José Manuel David ou Filipe Raposo.

Fundado em 1992, com quatro vozes femininas e quatro masculinas, o Canto Nono tem um repertório assente no canto a capella, sem quaisquer acompanhamentos instrumentais, ainda que o seu trabalho integre também “projectos com instrumentistas de Jazz, nomeadamente Carlos Azevedo, António Augusto-Aguiar, António Ferro, Quiné, entre outros”. Com dois discos gravados em nome próprio (Canto Nono, 1997; e O Porto a Oito Vozes, 2003, que resultou de um espectáculo homónimo com direcção musical de José Mário Branco), o grupo já percorreu inúmeros palcos, no país e fora dele, e, mantendo a estrutura inicial de octeto, é formado por Dalila Teixeira, Joana Castro, Diana Gonçalves, Daniela Castro, Lucas Lopes, Jorge Barata, Rui Rodrigues e Fernando Pinheiro, que se mantém no grupo desde o início, quando começaram a trabalhar com o arranjador (e tenor) norte-americano Ward Swingle, fundador dos Swingle Singers, que viria a ser determinante para a evolução do grupo.

José Mário Branco (1942-2019), nascido no mesmo Porto que foi berço do Canto Nono, teve uma colaboração estreita com o grupo entre os anos 2000 e 2019, não só como seu director artístico, mas também integrando-o em projectos seus: discos, concertos e filmes, como foi o caso da banda sonora, de sua autoria, de A Raiz do Coração (2001), de Paulo Rocha.

O concerto agora anunciado é, para o Canto Nono, um imperativo: “Nele se recriará a sua obra, através da vivência musical e pessoal de quase 20 anos do grupo, num estilo muito desafiador, que coloca a harmonização das vozes no centro, expondo as suas potencialidades na criação de melodias originais, que compensam a falta de instrumentos e nos tocam os sentidos.”

Além disso, afirmam, “este seria, com certeza, um tributo que José Mário Branco resignadamente agradeceria (tão avesso que era a todas as formas laudatórias) e no qual todos nos empenhámos de corpo e alma, em doses equivalentes, com elevado regozijo e sentimento de gratidão por termos tido o privilégio de cruzar as nossas vidas e os nossos projectos com ele, nunca à margem, mas de certa maneira.” Um percurso que o concerto programado para Abril fará reviver: “Quando assim foi (é) tudo se torna de uma simplicidade gratificante, mesmo que por vezes doída, fazendo da partida apenas a separação e da ausência coragem.”

Sugerir correcção
Comentar