Carneiro tenta proteger forças policiais: “Não devemos confundir a parte com o todo”

O ministro da Administração Interna defende que o inquérito aberto pelo IGAI “deve ter consequências”.

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O ministro da Administração Interna deixa "uma palavra de confiança" a todos os que "velam pela salvaguarda dos valores constitucionais" LUSA/NUNO VEIGA

José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna (MAI), afirmou esta quinta-feira à tarde que “não devemos confundir a parte com o todo”, referindo-se aos cerca de 600 elementos das forças de segurança cuja conduta imprópria nas redes sociais foi divulgada na quarta-feira.

Num gesto de aconchego às instituições policiais, José Luís Carneiro notou ser precisa “lucidez” no “modo como não confundimos a parte com o todo” e para “evitarmos a partidarização num tema tão sensível”. Deixou, também, “uma palavra de confiança às milhares de mulheres e de homens que, todos os dias, velam pela salvaguarda dos valores constitucionais e do Estado de direito democrático”.

Aos jornalistas, acompanhado por Magina da Silva, director nacional da PSP, José Luís Carneiro afirmou que o inquérito que foi mandado abrir pela Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) “deve ter consequências”. “Todos os que atentam aos valores constitucionais e integram forças que têm por dever a protecção desses valores têm deveres acrescidos para com os cidadãos que juraram defender”, declarou ministro.

Questionado sobre se fará sentido manter em funções “quem incita à violência”, o governante respondeu que “primeiro é necessário determinar, com firmeza, rigor e profundidade, a origem e a identidade referenciadas”, admitindo a possibilidade de “haver usurpação de identidades”. “É por isso necessário um inquérito independente, rigoroso, isento e que apure responsabilidades”, declarou.

Por fim, atendendo aos pedidos do Bloco de Esquerda e do PCP, o ministro demonstrou-se disponível para ir ao Parlamento “explicar todas as questões que houver a explicar”.

As declarações de José Luís Carneiro surgem na sequência de uma investigação que demonstrou que cerca de 600 membros das forças de segurança utilizam as redes sociais para fazer comentários racistas e xenófobos, assim como ameaças a figuras de Estado. Entre eles, constam dois militantes do Chega.

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