Licypriya Kangujam, activista indiana de 11 anos, confrontou o ministro da Energia britânico Zac Goldsmith acerca dos activistas climáticos detidos no Reino Unido.
A activista encontrou o político nos corredores da COP27 e perguntou-lhe quando iriam ser libertados os activistas do Just Stop Oil e Extinction Rebellion que, durante as últimas semanas, protagonizaram protestos de desobediência civil em Londres — como o da sopa de tomate atirada a um quadro de Van Gogh. Os protestos contra os combustíveis fósseis continuam a decorrer no Reino Unido: na semana passada, segundo a BBC, 35 pessoas foram detidas depois de terem bloqueado uma das principais estradas de Londres.
O ministro respondeu, segundo a activista escreveu no Twitter, “não faço ideia” — e afastou-se. Um vídeo mostra a interacção entre ambos, mas o diálogo não é audível na íntegra. Percebe-se que Licypriya acompanha Goldsmith, enquanto continua a questioná-lo. O ministro, por sua vez, limita-se a seguir caminho.
“Perguntei-lhe repetidamente quando os iria libertar. Em que dia? A que horas? A sua secretária empurrou-me duas vezes. Ele disse-me ainda ‘não posso fazer nada’”, escreveu a activista no Twitter. “Se ele não pode fazer nada porque é, então, ministro? Porque vem à COP27? Isto é inaceitável. Não é justo”, continuou.
O Extinction Rebellion do Reino Unido partilhou um tweet sobre o sucedido, onde agradeceu à activista e defendeu que a “trabalhadora do Governo que empurrou” Licypriya lhe “deve um pedido de desculpas”.
Goldsmith respondeu, chamando os activistas “bullies”: “Ela não fez nada disso, como o vídeo mostra. Não podia ter sido mais gentil. Mas digo-vos o que ela faz: trabalha incansavelmente a ganhar menos do que poderia se trabalhasse noutro sítio para proteger a natureza. E é bem-sucedida. Vocês deviam agradecer-lhe e depois pedir desculpa”, escreveu.
À Reuters, a activista disse que é preciso “responsabilizar os políticos pelas suas acções”. “Muitas crianças vão perder os seus bonitos futuros. A minha geração é de vítimas da crise climática. Não quero que as gerações futuras enfrentem as mesmas consequências.”
Kangujam nasceu em 2011, dois anos depois de os países mais ricos terem concordado, pela primeira vez, em canalizar 100 mil milhões para os países mais pobres até 2020. Esse objectivo, tal como muitos outros, caiu por terra durante o seu tempo de vida e não será cumprido até ao próximo ano.
Em 2018 e 2019, o estado de Odisha, onde Kangujam viveu, foi devastado pelos ciclones Titli e Fani. Pouco depois, a activista mudou-se para Nova Deli onde a sua vida foi “completamente virada do avesso por causa dos níveis de poluição atmosférica e crises de ondas de calor”, referiu. Actualmente, Kangujam é a fundadora do Child Movement, que luta pela justiça climática.
Kangujam não é a única criança na COP27 com a esperança que os líderes que lá estão reconheçam as dificuldades da geração Z e Alpha.
Mustafa, um rapaz de 12 anos de Minia, no Egipto, foi à COP27 com a associação Save the Children, para partilhar a sua experiência. “Temos chuvas muito intensas na aldeia durante o Inverno”, disse. As ruas transformam-se em rios lamacentos e há falhas de energia. Muitas vezes, diz, não consegue ir à escola.
“As alterações climáticas têm impactos na educação. Quando algo assim acontece, não vamos à escola. Nem sequer conseguimos estudar devido aos cortes de energia”, lamenta.