Deputados questionaram Metro do Porto sobre atrasos da obra mas ficaram sem resposta

Empresa remete esclarecimento para resposta a carta enviada há dias por Rui Moreira sobre o assunto. Assembleia Municipal do Porto quer câmara envolvida na expansão do metro.

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Obras da nova Linha Rosa. Futura estação da Galiza Adriano Miranda

Os deputados da Assembleia Municipal (AM) do Porto quiseram saber mais sobre os atrasos nas obras da expansão da rede do transporte público sobre carris mas, quase sempre, o presidente do conselho de administração da Metro do Porto tentou não responder. Em AM extraordinária desta segunda-feira, ao final da tarde, marcada para discutir a futura Linha Rubi, que contou com a presença de representantes da empresa, quis saber-se quais os impactos da construção da futura linha que ligará a Casa da Música, na Boavista, a Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia. As respostas foram remetidas para um futuro próximo, mas há um destinatário que as vai receber primeiro. O assunto só será esclarecido quando a empresa responder à carta enviada por Rui Moreira durante esta semana sobre o transtorno que as obras já em curso estão a causar aos portuenses.

De um lado, estavam dois deputados de cada força partidária representada na AM. Do outro, estavam os representantes da Metro do Porto. A assistir ao frente-a-frente estava o presidente da Câmara do Porto, que há dias já tinha demonstrado o seu desagrado face ao atraso da empreitada da futura Linha Rosa, que ligará a Casa da Música à Praça da Liberdade. O autarca já tinha avisado que, em função do andamento dos trabalhos já em curso, a Linha Rubi e o metrobus poderão não avançar.

A AM uniu-se numa questão: todos defendem a importância da nova linha que vai ligar Porto a Gaia. Mas, à excepção da bancada socialista, todos levantaram questões sobre a execução da obra.

A CDU, por Rui Sá, questionou a localização da nova futura travessia sobre o Douro para o metro que vai ser construída junto à ponte da Arrábida e quis saber quem decidiu em que sítio das duas margens deveria “estar amarrada”. No seguimento da mesma discussão alertou para o impacto que a construção terá nos moradores do lado do Porto.

Raúl Almeida, líder do grupo municipal de Rui Moreira, pediu, à luz dos atrasos já antecipados para a Linha Rosa, “mais rigor” com os prazos e “máxima transparência” na comunicação sobre esta matéria. Já o PAN indagou sobre o impacto que a obra, com a construção de uma nova ponte, poderá vir a ter na paisagem. O Bloco de Esquerda, por Rui Nóvoa, pediu um “maior esforço no controlo da obra” e no “cumprimento dos prazos”. Essa preocupação não parece ser uma prioridade para Rui Lage, do PS, que entende não haver “obra sem dor”, nem sem “impacto cénico”.

A bancada do PSD quis saber quais os motivos para o atraso das obras em curso na Linha Rosa e o impacto que estão a ter para o comércio e para os portuenses – nesta segunda-feira de manhã o Sindicato da Construção de Portugal queixava-se de falta de mão-de-obra qualificada na empreitada em causa. O social-democrata Miguel Côrte-Real questionou ainda sobre o porquê de se terem acabado com as reuniões da Comissão de Acompanhamento dos trabalhos, da qual fazia parte a Câmara do Porto.

Sem discussão está o “caldo entornado"

Muitas das questões não tiveram resposta. O presidente do conselho de administração da Metro do Porto, Tiago Braga, ainda assim, adiantou existir um pacote de compensações para moradores e comerciantes afectados. Já sobre o local onde vai ficar a ponte, disse ter sido escolhido a pensar no menor impacto que terá para os munícipes. Outros esclarecimentos remeteu-os para a resposta que será enviada para Rui Moreira. Até lá não fala.

Essa opção não caiu bem aos deputados, que entendem ser a AM o sítio certo para esclarecer as dúvidas. Rui Sá deixou algumas pistas das consequências que podem advir da opção de deixar a câmara e a AM de fora da discussão: “Sem este diálogo podemos ter problemas sérios”. O deputado comunista sublinhou que, não se envolvendo todas as partes e o governo da cidade na discussão, “o caldo pode estar entornado”.

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