UL tem explicações a dar sobre intervenção da PSP nos protestos climáticos, diz Catarina Martins

A líder do BE reagiu no Twitter: “Se alguém esqueceu os princípios básicos da democracia, não foram os estudantes.” E classificando a decisão, acrescentou: “Que cheiro a bafio. Um bafio fóssil”.

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Catarina Martins quer que a Universidade de Lisboa se explique Daniel Rocha

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou, este sábado, que a Universidade de Lisboa tem explicações a dar sobre a intervenção policial para afastar activistas climáticos que ocupavam Faculdade de Letras, o que classificou como “bafio fóssil”.

“A direcção da FLUL [Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa] pediu a intervenção da polícia para afastar os estudantes que lutam pelo clima? Se alguém esqueceu os princípios básicos da democracia, não foram os estudantes”, escreveu Catarina Martins, numa mensagem divulgada no Twitter.

A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que “a Universidade de Lisboa tem muito a explicar”.

“Que cheiro a bafio. Um bafio fóssil”, acrescentou.

Os ativistas climáticos que desde segunda-feira ocupavam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa começaram a sair da instalação académica às 23h40 de sexta-feira.

No total saíram nove membros do movimento estudantil “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, tendo ficado quatro no local.

Os quatro activistas acabaram por ser detidos pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que os retirou, por uma porta lateral, do estabelecimento de ensino e os colocou em duas carrinhas.

A informação foi confirmada à Lusa por Alice Gato, porta-voz do movimento “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, enquanto um grupo de activistas empunhava uma tarja com a inscrição “Letras pelo Clima” e gritava palavras de ordem como “Fora [António] Costa Silva” ou “Justiça Climática”.

A PSP garantiu hoje que “apenas foi utilizada a força estritamente necessária” para deter hoje quatro activistas climáticos.

Num comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP sublinhou que a detenção dos activistas, “por desobediência à ordem de dispersão”, “foi objecto de amplas filmagens por parte dos visados”.

A porta-voz do movimento “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, Alice Gato, tinha dito à Lusa ter ficado “desiludida com os órgãos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa por terem utilizado brutalidade policial” com os quatro activistas detidos.

No comunicado, a PSP confirmou que a 2.ª Divisão Policial foi chamada ao local, “a pedido da Direcção da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa”, porque a permanência dos activistas estava a colocar “em causa a liberdade de circulação e ensino”.

Os alunos em protesto tinham-se reunido na noite de sexta-feira com a direção da faculdade, mas, segundo Alice Gato, da reunião não resultou qualquer entendimento.

Depois de retirados da faculdade, os detidos “foram conduzidos à esquadra dos Olivais, tendo, após cumprimento das formalidades processuais, sido libertados e notificados para comparência no dia 14 de Novembro, na Instância Local Criminal de Lisboa – Secção de Pequena Criminalidade”, disse a PSP.

Alice Gato disse que “a semana foi surpreendente” e que “os estudantes demonstraram a sua força e a sua determinação” num combate por um futuro melhor.

“Não estamos sozinhos nesta luta e vamos continuar a crescer”, salientou.

Actualmente, encontram-se ocupados quatro estabelecimentos de ensino.

De acordo com Alice Gato, as instituições ainda ocupadas são a Faculdade de Ciências, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, a Escola Artística António Arroio e o Liceu Camões, em Lisboa.

O protesto terminou no Instituto Superior Técnico, porque os alunos foram forçados a sair, com alguns deles a integrarem acções noutros estabelecimentos de ensino.

Os estudantes reivindicam principalmente o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, por, dizem, não ter preconceitos em relação a projectos de exploração de gás e por ser, até recentemente, presidente do Conselho de Administração de uma petrolífera.

As ocupações, que começaram na segunda-feira e que não têm data para terminar, coincidem com a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que decorre desde domingo em Sharm el-Sheikh, no Egipto, até ao próximo dia 18.