Há sons “bons” que podem diminuir os pesadelos

Estudo avaliou o efeito de uma terapia com sons associados a experiências boas em pessoas com pesadelos frequentes. Resultado: houve uma diminuição da frequência desses sonhos maus.

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Mais de 4% dos adultos têm pesadelos crónicos num dado momento da sua vida Sophie Schwartz

É daquelas pessoas que tem muitos pesadelos? E isso acontece muitas vezes por mês? Um novo estudo com quase 40 pessoas testou como uma terapia em que se usam sons associados a experiências boas pode aliviar esses sonhos maus. Resultado: esse tratamento acabou por reduzir a frequência de pesadelos dos participantes. Equipa que realizou o trabalho pretende agora fazer a experiência com mais pessoas.

Se formos ao dicionário ver o significado de pesadelo, podemos encontrar várias características para este sonho: mau, opressivo, terrível, aterrador,... e poderíamos continuar. Mas quem os tem frequentemente usa esses adjectivos ainda com mais intensidade. Estudos epidemiológicos têm vindo a mostrar que mais de 4% dos adultos têm pesadelos crónicos num dado momento, refere-se num comunicado sobre o trabalho. Nesse período, acordam durante a noite e têm um sono de má qualidade.

Têm vindo a ser desenvolvidas terapias para tratar esta “doença dos pesadelos crónicos”, como uma em que se pede à pessoa que torne imagens negativas dos seus pesadelos numa narrativa positiva, a designada “terapia de ensaio de imagens”. Tem de se imaginar esses cenários positivos de cinco a dez minutos todos os dias durante a terapia.

Uma equipa liderada por Lampros Perogamvros, da Universidade de Genebra, testou essa terapia, mas juntou-lhe um outro ingrediente: durante o sono, através de uma espécie de bandolete, colocou os participantes a ouvir sons associados a experiências boas. Dos 36 indivíduos, metade recebeu a terapia sem som e a outra metade fez o tratamento com som. A experiência foi feita durante duas semanas e os sons eram activados no sono REM (rapid eye movement, movimento rápido dos olhos), que corresponde à fase mais ligada ao sonho em que os olhos se movimentam rapidamente.

Resultado: participantes dos dois grupos tiveram uma diminuição dos pesadelos. Mesmo assim, o grupo que fez a experiência com o som teve menos pesadelos após a intervenção, de acordo com o comunicado. Além disso, dizem que tiveram sonhos mais felizes. As conclusões foram publicadas num artigo científico na revista Current Biology.

“Observámos uma rápida redução de pesadelos e os sonhos também se tornaram emocionalmente mais positivos”, nota em comunicado Lampros Perogamvros. “Para nós, investigadores e médicos, estes resultados são muito promissores tanto para o estudo do processamento emocional durante o sono como para o desenvolvimento de novas terapias.” Um dos objectivos da equipa é agora experimentar a terapia com os sons em mais pessoas para que se possa melhor a sua eficácia.

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