Lucro do BCP em Portugal sobe para 295,7 milhões até Setembro

Impactos extraordinários do Bank Millennium, na Polónia, baixa resultados consolidados para 97,2 milhões de euros, ainda assim 63% acima do montante registado em 2021.

Foto
Resultados trimestrais do BCP, apresentados por Miguel Maia, foram penalizados pela Polónia LUSA/JOÃO RELVAS

Os resultados consolidados do BCP foram particularmente influenciados pela instituição que detém na Polónia, onde o banco registou um elevado montante de imparidades. Isolando a actividade em Portugal, os lucros nos primeiros nove meses do ano ascenderam a 295,7 milhões de euros, que caem para 97,2 milhões, na consolidação de resultados.

As imparidades e provisões realizadas no terceiro trimestre ascenderam a mais de mil milhões de euros, repartidos por encargos de 393 milhões associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços (CHF) na Polónia, provisões para moratórias de crédito de 304,6 milhões, contribuição de 59,1 milhões para o Fundo de Protecção Institucional (IPS) e o registo da imparidade do goodwill do Bank Millennium de 102,3 milhões. A este montante, juntam-se as contribuições obrigatórias para o sector bancário em Portugal, de 62,2 milhões.

Já os resultados obtidos em Portugal, divulgados esta segunda-feira, ficaram a dever-se a “um crescimento 9,3% dos proveitos core, da redução de 3,4% dos custos recorrentes e da melhoria de 11 pontos base no custo do risco”.

Em conferência de imprensa de apresentação dos resultados, o presidente do BCP, Miguel Maya, destacou que sem o impacto do Bank Millennium, os resultados do grupo BCP ascenderiam a 536 milhões de euros, traduzindo um aumento de 125% face ao mesmo período de 2021.

Já a rentabilidade do capital próprio (ROE) “continua muito abaixo” daquilo que pretendem, referiu o gestor. Este indicador está nos 2,5%, quando a referência para o sector é de 10%.

“Apesar dos impactos extraordinários registados pelo Bank Millennium, o rácio de capital total fixou-se em 15,1% e o rácio CET1 em 11,4% (15,7% e 11,8%, respectivamente em base pro forma, sujeito a autorização do BCE)”, avança a instituição.

Em forte crescimento esteve a margem financeira, que ascendeu a 1545,8 milhões de euros no final de Setembro de 2022, “evidenciando um crescimento significativo de 32,7% face aos 1165,0 milhões de euros apurados no período homólogo do ano anterior”, refere o banco, acrescentando que “a evolução favorável da margem financeira foi transversal à generalidade das geografias em que o banco opera, assumindo maior expressão o crescimento obtido pela subsidiária polaca, a ultrapassar os 70%”.

Na actividade em Portugal, a margem financeira situou-se 8,3% acima dos 619,5 milhões de euros apurados nos primeiros nove meses de 2021, ascendendo a 670,9 milhões de euros, no mesmo período de 2022,"reflectindo, em larga medida, a evolução favorável do negócio comercial e a gestão da carteira de dívida pública”. Na actividade internacional, a taxa de margem financeira “aumentou significativamente de 2,98% nos primeiros nove meses de 2021, para 4,66%”, reflectindo, refere o banco, “maioritariamente o impacto da inversão da tendência de evolução das taxas de juro de referência fixadas pelo banco central da Polónia, que após um período de acentuada redução, tem registado sucessivos aumentos desde o último trimestre de 2021”.

Para os resultados do banco contribuiu o crescimento das comissões líquidas (+ 7,3%) face aos 534,8 milhões de euros registados nos primeiros nove meses de 2021, ascendendo a 573,8 milhões de euros no mesmo período do ano corrente.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários